Greve: nas ruas pela Educação e contra a Reforma da Previdência

Foi uma sexta-feira (14) que começou de forma atípica, com trabalhadores em todo país de braços cruzados diante do desmonte público do Estado brasileiro promovido pelo governo de Jair Bolsonaro. De acordo com as centrais sindicais, 45 milhões de pessoas em cerca de 300 cidades e 26 Estados, mais o Distrito Federal, estiveram envolvidas nas manifestações.

Candelária #14J - Mídia Ninja

Nas ruas, estudantes, professores, bancários e diversos outros setores da sociedade clamavam por melhores condições no regime de aposentadorias, além de mais empregos e investimentos na educação. Pela manhã, motoristas, cobradores de ônibus e trabalhadores dos metrôs de várias capitais paralisaram o trânsito. Em São Paulo, centro financeiro do país, bancos sequer abriram suas portas (o que também aconteceu em outras cidades).

Apesar do direito à greve ser uma garantia constitucional, a polícia militar de diversos estados reprimiu as manifestações, e muitos confrontos foram registrados. Em Porto Alegre, um caminhão atirou jatos de água em manifestantes. O Rio Grande no Norte também registrou confrontos entre trabalhadores e polícia. Já no Rio de Janeiro, três pessoas foram atropeladas em um ato que acontecia perto da Ponte Rio Niterói.

Nas capitais, a grande concentração de trabalhadores só aconteceu por volta das 17 horas. As principais avenidas do país foram tomadas por milhares de manifestantes e palavras de ordem contra os cortes do Governo. No Rio de Janeiro, em um ato que aconteceu na Candelária e seguiu em marcha até a Central do Brasil, cerca de 100 mil compareceram.

Na capital carioca, no alto de um carro de som, sindicalistas, parlamentares e professores faziam discursos. Muitos afirmavam que “enfraquecer a aposentadoria dos servidores da educação diminuiria o poder de atração de bons quadros para as universidades”. Entre tantos problemas apontados, destacou-se a perseguição ideológica promovida pelo Ministro da Educação e o desinvestimento no setor, ponto que foi severamente criticado na última semana após a divulgação de uma carta pública assinada por diversos ex-ministros da pasta.

Vaza Jato

A deputada federal e líder da minoria na Câmara, Jandira Feghali, do PCdoB, fez um longo discurso em defesa da aposentadoria dos professores e servidores públicos. Já no fim, relembrou o caso da “Vaza Jato”, e da luz que as denúncias lançam sobre a prisão do ex-presidente Lula. Já Benedita da Silva, quando recebeu o microfone, apontou para a importância de “manter a esquerda unida. Vemos aqui homens, mulheres, negros, LGBTS, estudantes, e é preciso saudar a unidade das centrais sindicais por este momento”.

Com relação à Reforma da Previdência, Jandira apontou para a importante vitória que a oposição conseguiu nesta semana: retirar da pauta de votação o regime de capitalização. “Vamos resistir a esta reforma, e estar nas ruas é o único jeito do povo dar o seu recado: Não à Reforma”.

Logo em seguida, o deputado do psolista Glauber Braga atentou para o fato de que, “por hora, é, sim, uma vitória, e uma grande vitória. Mas nós conhecemos este governo, e ele certamente irá colocar nas próximas semanas o sistema de capitalização novamente para votação”.

Neste sentido, todos pediram cuidado com as graves consequências em transferir da Constituição para leis complementares regras previdenciárias como idades de concessão, carências, formas de cálculo de valores e reajustes, promovendo a maior desconstrução na Constituição Cidadã de 1988.

O ato chegou ao fim quando eram quase oito horas da noite, sem nenhum confronto ou problema. Ao chegar à Central do Brasil, as pessoas dispersaram.

João Francisco Werneck, para o Vermelho