Brasil não repõe médicos cubanos, diz  New York Times

Jornal dos Estados Unidos mostra a dura realidade dos locais antes atendidos pelo mais Médicos.  

Após bravata, Bolsonaro volta atrás

Brasil continua sem substituir os doutores cubanos que pertenceram ao programa Mais Médicos, o que afeta a 28 milhões de pessoas no país, divulgou hoje o jornal estadunidense The New York Times, segundo a agência de notícias cubanas Prensa Latina. A publicação recordou que o presidente Jair Bolsonaro disse que poderiam solucionar a ausência dos profissionais da ilha com a graduação de uns 20 mil doutores brasileiros ao ano, mas seis meses após sua chegada ao poder em janeiro passado.

Em 14 de novembro de 2018 o país caribenho anunciou que não continuaria no mencionado programa com condicionamentos expostos por Bolsonaro, então presidente eleito, que declarou que modificaria termos e condições da iniciativa com desrespeito à Organização Pan-americana da Saúde (OPS) e ao convênio desta com Cuba.

Professora

Assim, em fevereiro passado o governo do presidente ultradireitista deu a conhecer a decisão de encerrar Mais Médicos. O Times citou dados da Confederação Nacional de Municípios, os quais indicam que 28 milhões de pessoas em todo Brasil viram reduzido consideravelmente seu acesso à atenção de saúde depois desses fatos.

Ligia Bahia, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, declarou ao jornal que, em vários estados, as clínicas de saúde e seus pacientes não têm médicos. "É um passo atrás. Impede os diagnósticos precoces, o rastreamento das crianças, as gravidezes e a continuação dos tratamentos que já estavam em marcha", afirmou.

Ao redor da metade dos doutores do mais Médicos eram de Cuba, e deslocaram-se em 34 aldeias indígenas remotas e nos bairros mais pobres a mais de quatro mil localidades e cidades, lugares em grande parte rejeitados pelos profissionais brasileiros, acrescentou o jornal.

'A disposição dos médicos cubanos para trabalhar em condições difíceis converteu-se em uma pedra angular do sistema de saúde pública', expressou Bahia à publicação.

De acordo com um relatório da OPS, nos primeiros quatro anos a mais Médicos, a percentagem de brasileiros com atenção primária aumentou de 59,6 a 70 por cento.

A saída dos cubanos poderia reverter essa tendência, com consequências especialmente graves para os menores de cinco anos, e poderiam provocar a morte de até 37 mil crianças pequenas para 2030, advertiu Gabriel Vivas, um servidor público da OPS citado pelo jornal.