O trabalho feminino é tema de debate no Rio de Janeiro

O Centro de Estudos e Pesquisa da União Brasileira de Mulheres (UBM) em parceria com a Fundação Mauricio Grabois, realizaram na livraria Leonardo da Vinci, na segunda-feira (3), no Rio de Janeiro, um instigante debate sobre as mudanças no mundo do trabalho para as mulheres. O debate foi coordenado por Ana Rocha, do Centro de Estudos e Pesquisa da UBM e por Angela Albino, representando a Fundação Maurício Grabois.

Trabalho feminino UBM - Foto: União Brasileira de Mulheres

O objetivo do evento foi analisar essa realidade diante do contexto de crise econômica mundial e diante dos indícios de estagnação econômica no Brasil, com a queda do PIB, agravada por um governo que privilegia o capital financeiro, em detrimento da indústria, privatista e antipovo. Refletir sobre as consequências dessa política para para as mulheres, que já enfrentam o trabalho precarizado, flexibilizado e informal e a exploração crescente pelo capital do trabalho gratuito das mulheres, no âmbito dos cuidados.

A primeira a falar foi Felícia Picanço, professora e pesquisadora de Sociologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que destacou que, apesar da evolução da presença da mulher no mercado de trabalho, é preciso afirmar que o trabalho da mulher importa, é influenciado pela divisão sexual do trabalho, e marcado pela desigualdade. E que a grande questão a ser enfrentada hoje é a articulação entre a vida privada e o trabalho produtivo. Qual o papel do estado no fomento das políticas públicas, das redes de apoio e do mercado. Há uma desigualdade histórica, reforçada por um sistema cultural e pela falta de políticas públicas de gênero que reduzam a sobrecarga doméstica.

A especialista em Estatísticas de Gênero do IBGE, Cristiane Soares, por sua vez, demonstrou que os dados levantados em muito estudos sobre o tema confirmam a desigualdade que atinge as mulheres. Enquanto há um índice geral de 12,5% de desempregados, as mulheres representam 15% . Segundo ela, enfrentamos uma gestão governamental sem projeto de desenvolvimento, com profunda desigualdade social e educacional. Segundo Cristiane, o mercado de trabalhonão esta sendo capaz de absorver a mão de obra disponível.

Para Lúcia Xavier, Coordenadora de Criola, as desigualdades são maiores para as mulheres negras. O trabalho das domésticas ficou ainda mais precarizado, onde a maioria são de mulheres negras. O debate apontou a necessidade de aprofundar questões como o trabalho de cuidados, que recaem majoritariamente sobre as mulheres sobretudo neste momento de crise.