Mulheres no futebol, por Antônia Rangel

Mulheres no Futebol foi um evento realizado pela União Brasileira de Mulheres do Maranhão com o objetivo de dialogar sobre a realidade do futebol feminino no Brasil e no Estado.

UBM Maranhão realiza Mulheres no futebol
Sabemos que apesar de todas as conquistas e o talento de suas atletas, o Futebol Feminino ainda não recebe tratamento à altura de sua importância. Os investimentos são ínfimos, não há uma política nacional sistêmica, nem planejamento.

É pequeno o empenho de clubes, dirigentes e entidades do futebol para com o futebol feminino. Pouco também é o interesse dos meios de comunicação – que só agora realizam a transmissão da Copa feminina em canal aberto, mesmo com a principal emissora de televisão do país tendo os direitos de transmissão dos jogos desde a década de 90.

Como podemos observar, paira no Brasil uma neblina de preconceito com o futebol jogado por mulheres que prejudica sua promoção nas escolas, nos equipamentos esportivos e no conjunto da sociedade.

No evento realizado nos dias 25 e 26 de maio, em São Luís/MA, também dialogamos sobre a exclusão das mulheres das comissões técnicas, dos cargos de comando e da gestão da maior parte das agremiações, o que de certo modo descaracteriza o espaço do futebol feminino.

Outro tema debatido foi a nova regra que obriga todos os times da Série A do Campeonato Brasileiro a se enquadrarem no Licenciamento de Clubes da Confederação Brasileira de Futebol e, por obrigação, manter um time de futebol feminino – adulto e de base. O novo regulamento da licença foi aprovado pela Conmebol em congresso, ainda no fim de 2016, com um prazo de dois anos para adaptação – portanto, passando a valer a partir de 2019 – e exige times femininos também para todas as equipes que disputarem as Copas Libertadores e Sul-Americana. As medidas se adequam ao artigo 23 do estatuto da Fifa, que cobra das confederações a adoção de medidas de governança que incluem, dentre outras questões, a incorporação de artigos que preveem a igualdade de gênero.

A partir dessa grande novidade construímos uma mesa de diálogo sobre a realidade das atletas no Brasil. A atividade contou com a participação da Thais Picarte – Goleira do Santos e ex goleira da Seleção Feminina de Futebol; Maria Clara – Zagueira e titular da equipe Sub-11 da Escolinha Meninos da Vila SLZ (filial do Santos em São Luís, no Maranhão), Marcia Andrea Ferreira Pereira – Presidenta do Tribunal de Justiça Desportiva do Maranhão; Hans Nina – Vice presidente da Federação Maranhense de Futebol; Giselle De Menezes Vice – Presidente da APCEF e da Thays Campos, Presidente da União Brasileira de Mulheres/MA. Após o seminário, foi realizado o 1º Torneio de Futsal da UBM/MA que contou com a participação de oito times locais.

O evento teve o apoio da Secretaria de Estado do Esporte e Lazer, da Secretaria de Estado da Mulher, da Associação do Pessoal da Caixa Econômica Federal – APCEF e da Federação Maranhense de Futebol.

Nós da UBM acreditamos que toda a sociedade precisa refletir sobre a situação das nossas atletas, o esporte feminino precisa e merece o incentivo de todas e todos. Chega de ocupar o papel de musa da copa, agora, nós queremos ser artilheiras! Estamos cansadas de driblar o machismo dos "cartões vermelhos" da vida. Nossas atletas são capazes de bater um bolão e nossa torcida está formada. Venham com a UBM torcer por nossa Seleção Feminina de Futebol. Chamem a família, os amigos e prestigiem nossas atletas; há um trabalho árduo, pouco reconhecido e muito talento que merece todo nosso respeito. Vamos juntas torcer com muita alegria para as nossas guerreiras de chuteiras!

Afinal, lugar da mulher é onde ela quiser, inclusive no futebol.