Cientista diz que governo Bolsonaro comete mais um crime ambiental

O físico Paulo Artaxo, que atua junto ao Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), disse nesta segunda-feira (03) que o governo Bolsonaro promove mais um forte ataque ao querer privatizar o serviço de monitoramento de desmatamento na Amazônia.

Amazônia - EBC

Em entrevista à Folha de S.Paulo nesta segunda, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, culpa o atual monitoramento, do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), pela ineficácia no combate ao desmate e quer trocá-lo por uma empresa privada.

Para o cientista, é mais um forte ataque ao meio ambiente do governo Bolsonaro. “De acordo com a Folha, o ministério quer contratar a empresa Santiago & Cintra para monitorar desmatamento na Amazônia. O Inpe já faz isso há mais de 20 anos. Por que trocar? Com uma empresa, pode-se pagar para ter o número de desmatamento que o governo quer, não o real. Inpe é excelência mundial na área. Mais um crime ambiental deste governo Bolsonaro”, criticou Paulo Artaxo.

Segundo o jornal paulista, do começo do ano até 15 de maio, o Inpe enviou aos órgãos ambientais de fiscalização 3.860 alertas de desmatamento via Detecção do Desmatamento na Amazônia Legal em Tempo Real (Deter-B), do Inpe. Uma média de 28,6 alertas/dia. A fiscalização do Ibama, no entanto, realizou apenas 850 autuações por alteração da flora emitidas pelo Ibama na Amazônia Legal no mesmo período, ou 6,2/dia.

A proporção nestes primeiros meses de governo Bolsonaro, que critica a “fiscalização ideológica” do Ibama contra o agronegócio, ficou em 4,5 alertas por autuação. Entre 2016 e 2018, essa média variou de 1,1 a 3,4 de alertas/autuação no mesmo período, de 1º de janeiro até o final da primeira quinzena de maio.