Guerra comercial contra a China projeta recessão nos EUA

Diante das tensões comerciais criadas por Washington contra China, tanto Morgan Stanley quanto JP Morgan agora preveem recessão nos próximos doze meses nos EUA.

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Em atualização de modelo de probabilidade de recessão, o JP Morgan agora projeta 60% de chance de ocorrer variação negativa do PIB dos EUA em dois trimestres consecutivos, maior expectativa desde a crise financeira global de 2008.

Por sua vez, Chetan Ahya – economista-chefe e head global do departamento econômico do Morgan Stanley – acredita que se Trump impuser 25% de tarifas sobre os US$ 300 bilhões restantes de importações da China, “o ciclo global de crescimento estará em risco”, o que “poderá culminar em recessão em três trimestres”.

Ahya pondera a relação entre notícias e consequências para os mercados. “Quando notícias ruins aparecem, primeiro reagimos em choque, depois nos preocupamos com os infindáveis resultados possíveis e com o tempo e os passos necessários para uma resolução completa (e se chegaremos lá)”, afirma o economista-chefe.

“Contudo, contratempos progressivos causam menos ansiedade, mesmo que os fatos sejam mais preocupantes do que antes. Isso é verdade para a mais recente escalada das tensões comerciais, que começou no início de maio”, completou o Morgan Stanley.

Para dar suporte a expectativa de possível recessão no decorrer de 2020, o banco apresenta três argumentos principais: (i) os canais de transmissão são difundidos; (ii) não-linearidade dos impactos e; (iii) reatividade de qualquer movimento de flexibilização monetária.

Efeito dominó

Em relação ao primeiro ponto, de mecanismos de transmissão, o Morgan Stanley acredita em cinco maneiras de contaminação: (i) tarifas elevarão os custos, reduzindo a lucratividade das empresas e tornando os produtos mais caros para os consumidores; (ii) as tarifas terão impacto nas cadeias locais e globais de logística, afetando o fluxo do comércio internacional; (iii) no médio prazo, as empresas multinacionais terão custos adicionais por desenvolverem cadeias alternativas de logística; (iv) confiança dos empresários será afetada, com redução do capex (plano de investimentos) pelas empresas e decorrências negativas para a demanda agregada global; (v) menor expectativa de lucro das empresas nas operações internacionais.

“As tensões comerciais ressurgiram em um momento crítico no ciclo global. A confiança das empresas está fraca. O resultado das negociações comerciais será fundamental para o crescimento global”, conclui o Morgan Stanley.

As informações são do Money Times