Manuela d’Ávila: defesa da democracia é decisiva

Uma plateia entusiasmada recebeu Manuela d’Ávila, a candidata pelo PCdoB a vice-presidenta da República na chapa encabeçada por Fernando Haddad (PT) em 2018, para a sessão de autógrafos do seu livro Revolução Laura, na noite de quinta-Feira (23), no Memorial Darcy Ribeiro, também conhecido como Beijódromo, da Universidade Nacional de Brasília (UnB).

Por Osvaldo Bertolino

Manuela Davila - Foto: Midia Ninja

Em sua intervenção, ela comentou a luta das mulheres por espaço político, lembrando os exemplos das parlamentares e ex-parlamentares do PCdoB, citando Jô Moraes, Vanessa Grazziotin e Perpétua Almeida, presentes no evento. Manuela d’Ávila disse que é uma disputa, no sentido literal do termo, porque a lógica é a da reprodução do machismo e o consequente cerceamento da participação da mulher.

Ela enfatizou que muitas mulheres caminharam sobre os tapetes do Congresso Nacional, com suas ações aguerridas, para que houvesse a ampliação da participação feminina na política. Para Manuela d’Ávila, o investimento material, resultado dessa luta, tem sido importante para a participação da mulher no parlamento. Ela destacou o papel das mulheres nas mobilizações sociais, uma demonstração de rebeldia muito importante.

Ao falar do livro Revolução Laura, Manuela d’Ávila comentou que a obra é importante para o debate sobre a maternidade e a ocupação dos espaços públicos pelas mulheres. Seu ponto de partida foi a participação nas eleições de 2018, segundo ela marcadas por um grau inédito de ódio e violência política. Laura foi alvo de ataques por ser filha de uma mulher comunista, uma tentativa de desumanizá-la, uma demonstração do que significa a batalha pela ideia de que todos os seres humanos, mulheres e homens, são dignos do olhar empático humanista.

Crise do capitalismo

Para ela, o fundo da questão é o agravamento da crise do capitalismo, que desenvolve uma política de garantir os privilégios de uma minoria às custas do sacrifício da imensa maioria. Segundo Manuela d’Ávila, essas políticas hoje podem ser definidas como a administração das vidas das pessoas, o que significa decidir quem vai viver ou morrer. Ela citou como exemplo o amplo uso das chamadas fake news, que exploraram em profusão os preconceitos reais existente no Brasil, citando como exemplo o racismo estrutural.

Ainda sobre a crise do capitalismo, Manuela d’Ávila lembrou o caso semelhante que atingiu seu pico em 1929 e que acabou em guerras mundiais. Atualmente, disse ela, as saídas buscadas passam por governos autoritários. Desse diagnóstico ela constatou que o governo do presidente Jair Bolsonaro é apenas uma peça dessa engrenagem, que quer transformar o Brasil em uma mera colônia do centro do sistema.

Foto: Mídia Minja

Outra importante questão, disse Manuela d’Ávila, é luta em defesa das universidades. Para ela, não existe nação que se desenvolva sem ciência. E no Brasil, ao contrário de países belicistas como Estados Unidos e Israel, a ciência não se desenvolve na indústria da guerra, mas nas universidades. E Bolsonaro se prestou ao papel de ser fantoche dessa lógica neocolonialista. É preciso ter coragem para enfrentar essa grave situação, enfatizou.

Liberdade para Lula

Manuela d’Ávila conclui com a defesa da unidade dos que se opõem a esse cenário, lembrando que não se trata de ser herói de uma causa, mas de ações efetivas para impor derrotas a esse modelo político e econômico. Ela lembrou que os mortos e torturados no regime militar lutaram não para serem herois, mas para impedir que outros fossem mortos e torturados. Daí a conclusão de que a principal bandeira de luta atual é a da defesa da democracia, a batalha pela consciência de classe disputada também pela extrema direita.

Manuela d’Ávila citou que a proposta de “reforma” da Previdência Social parecia ser a que mais mobilizaria o povo, mas a defesa das universidades tomou a frente. Para ela, o governo parece perdido, mas na verdade seus integrantes se encontraram para atacar o Brasil. Não há como hierarquizar as bandeiras, de luta, mas a mais imediata é a da defesa da democracia, enfatizou. Para isso, disse ela, a esquerda deve ter a capacidade de conversar com divergentes para resgatar o Brasil para povo brasileiro. A luta é para valer e por isso tem de ser ampla, destacou.

O combate ao “pacto anti-crime” do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, foi outro ponto que Manuela d’Ávila defendeu. Para ela, a implementação dessa política seria a ampliação dos métodos de extermínio de setores da população. E completou citando que a defesa da liberdade do ex-presidente Luiz Inácio da Silva passa pela democracia. Uma condição para a sua libertação é a de ter um país mais democrático, afirmou.