Madona defende palestinos em festival em Israel

De forma implícita, ela propôs a solução de dois Estados para resolver o conflito entre Israel e a Palestina.

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A "rainha da Pop" atuou durante a final do Festival Eurovisão da Canção, em Telavive, e colocou dois dos respetivos dançarinos desfilando de braço dado mostrando para mais de 200 milhões de espetadores que assistiam a transmissão direta por todo o mundo as bandeiras de Israel e da Palestina, lado a lado.

A afirmação política de Madonna foi interpretada como um apelo à paz na região, mas também à igualdade entre os dois povos, separados há décadas por um conflito histórico agravado pela imposição de colonatos israelitas em territórios palestinos.

O estatuto da cidade Jerusalém, reclamada como capital tanto por israelitas como por palestinianos, também é outro ponto de divisão e discórdia, atualmente agravado pela decisão unilateral do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de reconhecer Jerusalém como capital de Israel e para ali ter mudado a embaixada norte-americana.

Apelo

Madonna recebeu vários apelos para boicotar o concurso, mas acabou por aproveitar a atuação para tomar uma posição. Ela pediu a todos os que a ouviam que "nunca subestimem o poder da música para juntar as pessoas", e citou "uma grande canção", da sua autoria, "Music", na qual canta "music makes the people come together" (a música faz as pessoas unirem-se, em português).

O movimento de boicote cultural a Israel instou os artistas a boicotarem o concurso, disputado este ano por 41 países. Em junho do ano passado, diversas organizações culturais palestinas apelaram ao boicote ao concurso, sublinhando que "o regime israelita de ocupação militar, colonialismo e 'apartheid' está descaradamente usando a Eurovisão como parte da sua estratégia oficial 'Brand Israel', que tenta mostrar 'a face mais bonita de Israel' para maquiar e desviar a atenção dos seus crimes de guerra contra os palestinos". Em setembro, mais de uma centena de artistas de todo o mundo manifestaram apoio a esse apelo.

Ministra

Em abril, o músico Roger Waters, dos Pink Floyd, aconselhou Madonna e todos os concorrentes do 64.º Festival Eurovisão da Canção a lerem a Declaração Universal dos Direitos Humanos.

Madonna afirmou que o seu coração "parte-se" de cada vez que ouve falar "nas vidas inocentes que se perdem nesta região" e "na violência que é tantas vezes perpetuada para servir os objetivos políticos de pessoas que beneficiam deste conflito antigo".

A ministra israelense da Cultura, Miri Regev, considerou um "erro" os dançarinos de Madonna exibirem bandeiras palestinas nas costas durante sua apresentação na final do concurso Eurovision. "Foi um erro, não se pode misturar política com um evento cultural, com todo o respeito que devo a Madonna", disse Regev ao conselho semanal de ministros.

Com agências