Na China, Mourão será confrontado com Nova Rota da Seda

Projeto é visto com desconfiança pelos EUA 

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Matéria do jornal Valor Econômico informa que o vice-presidente Hamilton Mourão deve ser confrontado em sua visita a Pequim, dia 23, ao interesse da China para atrair o Brasil para a chamada Nova Rota da Seda ("One Belt, One Road", ou Iniciativa do Cinturão e Rota), megaprojeto mundial de investimentos chineses em infraestrutura e que é visto com desconfiança pelos EUA.

A possibilidade de assinatura futura de um memorando de entendimento (MoU, na sigla em inglês) é um dos temas que os chineses tendem a levantar, segundo o valor. Para a China, a participação brasileira seria um reconhecimento da importância que o Brasil dá a Pequim, superando manifestações hostis de setores do governo Bolsonaro à relação bilateral, diz o texto.

Mourão vai a Pequim comandar a delegação brasileira na reunião da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação (Cosban), a maior instância permanente de diálogo e cooperação bilateral. A expectativa é que o tema da Nova Rota da Seda apareça, portanto, não na Cosban, e sim nos encontros de alto nível de Mourão com o presidente Xi Jinping e outras autoridades.

Motivações geopolíticas e econômicas

Até agora, segundo diferentes estimativas, de acordo com o Valor, Pequim já investiu US$ 200 bilhões na Iniciativa do Cinturão e Rota, mas o montante total de financiamento pode superar US$ 1 trilhão até 2027. A narrativa de Pequim é de que o "One Belt, One Road" abre portas para mais investimentos na maior economia da América Latina.

No entanto, segundo o Valor, setores no Brasil notam que uma participação brasileira não significaria ganhar um cheque a ser descontado logo para investir em infraestrutura. O programa teria motivações geopolíticas e econômicas. O mais importante é a parte política, com Pequim querendo dar demonstração de força e influência, como ocorreu ao obter a entrada da Itália — o primeiro país, neste caso, do G-7, grupo dos maiores industrializados —, o que causou divisão entre os europeus, comenta o jornal.