PSB lança campanha contra “reforma” da Previdência

Contra nova Previdência, PSB lança campanha: “Essa reforma não!” Presidente nacional do partido, Carlos Siqueira afirma que a proposta do governo vai “penalizar trabalhadores, idosos e mulheres”.

Thayna Schuquel – Metrópoles

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O Partido Socialista Brasileiro (PSB) lançou nesta quarta-feira (08/05/2019) uma campanha nacional crítica à proposta de reforma da Previdência apresentada pelo governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL). A peça – uma série de animações – traz o mote “ESSA Reforma da Previdência NÃO!”.

As animações serão apresentadas em uma transmissão ao vivo pelas redes sociais do partido, a partir das 19h20, com a participação do presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira.

Na série de cinco vídeos, o partido critica os pontos centrais da reforma, como adoção do sistema de capitalização, cortes no Benefício de Prestação Continuada (BPC) e mudanças na aposentadoria rural, de mulheres e de professores.

Assista:

O presidente da sigla, Carlos Siqueira, afirma que a ideia é mostrar que a proposta defendida pelo governo pretende acabar com políticas instituídas na Constituição Federal, “penalizando a maioria da população, em especial, os trabalhadores, idosos e as mulheres”.

Para Siqueira, a reforma da Previdência é o terceiro “grande atentado ao regime civilizatório estabelecido em 1988”, depois da aplicação do teto sobre os gastos públicos e da reforma trabalhista aprovada pelo governo do ex-presidente Michel Temer (MDB).

“A reforma da Previdência é o maior empreendimento de parte de nossa elite, na tarefa de destruição da rede de proteção social ainda incipiente que o país logrou construir nos últimos 30 anos”, afirmou o presidente do PSB.

Capitalização Em um dos vídeos, o partido afirma que o “governo Bolsonaro está tentando vender uma reforma que não é nada boa para a população, que vai diminuir conquistas que levaram anos pra serem implementadas”.

Ainda segundo a mesma peça, as alterações pretendidas pelo Executivo federal implicam o fim do sistema solidário de Previdência, a partir da adoção do modelo de capitalização, a exemplo do que aconteceu no Chile, com graves efeitos sociais.

“É o fim de um sistema solidário, onde os que produzem hoje ajudam os que já contribuíram com o seu trabalho, ou que não podem mais trabalhar. O governo quer adotar um sistema de capitalização que vai privilegiar parte da elite”, pontua o vídeo. “Só pra você lembrar, um sistema parecido foi implantado no Chile durante a ditadura militar de Pinochet, ainda na década de 80. Hoje, o Chile sofre com o suicídio de idosos”, adverte a legenda.

A animação encerra, como todas as demais, com a frase: “Reforma da Previdência: se não é boa para os brasileiros, não é boa para o Brasil.”

Ameaça para a economiaEm outra peça da campanha, o PSB nega que a Previdência seja a causa da crise econômica e diz que “essa é mais uma justificativa mentirosa pra atacar as conquistas sociais da Constituição Cidadã”. O partido classifica como “fake” argumentos de que a reforma atingirá a todos, gerará emprego e, sem ela, o país irá quebrar.

“Esses homens estão mentindo pra você”, crava o vídeo, enquanto mostra lado a lado o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente Bolsonaro. Outra “grande mentira” apontada pelo PSB é o déficit da Previdência, uma das principais justificativas para a reforma. Segundo o partido, os recursos destinados à Seguridade Social são desviados para outros fins, principalmente para o pagamento de dívidas públicas.

“O que realmente afeta o sistema previdenciário é a má gestão e a sonegação. Nesta reforma, os mais pobres vão pagar pelos mais ricos”, destaca o vídeo, acrescentando que os mais afetados pelas mudanças serão os trabalhadores, os idosos e as mulheres do campo e da cidade.

De acordo com Carlos Siqueira, o PSB reconhece que há uma questão previdenciária a ser enfrentada, mas não com as mudanças previstas na PEC n° 6/2019, em análise no Congresso Nacional. “Estas aprofundam a desigualdade e aumentam a concentração de renda”, considera.

Promessas Com a reprodução de entrevistas do ex-presidente Michel Temer e de Paulo Guedes, além de reportagens de TV mostrando enormes filas de desempregados, em outro vídeo o PSB compara a reforma de Bolsonaro à reforma trabalhista de Temer. De acordo com a sigla, a promessa de gerar empregos não foi cumprida.

O partido questiona a promessa repetida pelos dois governos de reduzir as desigualdades e acabar com privilégios. “Veja o que o ministro Guedes chama de redução de desigualdades: aumento do tempo de contribuição dos trabalhadores rurais, das mulheres e dos professores. O governo Bolsonaro diz que vai atacar os privilégios, mas a proposta dele atinge idosos e deficientes em condições de miserabilidade”, critica o partido.

Na peça, o PSB explica que os pobres de 65 anos, hoje, ganham um salário mínimo para ter alguma dignidade na velhice. O governo, enfatiza o partido, “quer pagar apenas R$ 400 a partir dos 60 anos e jogar para depois dos 70 o direito que já existe hoje”.