Economistas lançam Associação em defesa da democracia no Brasil

Organizada em onze estados e aproximadamente 600 associados, foi lançada nesta terça-feira (7), no Salão Nobre da Câmara dos Deputados, a Associação dos Economistas pela Democracia (ABED). O objetivo da entidade é fazer o contraponto ao projeto econômico neoliberal em curso no país e a defesa do sistema de proteção social e de direitos dos cidadãos conquistados na Constituição de 1988.

Por Iram Alfaia

ABED - Mateus Carvalho/ABED

A solenidade contou com a presença de diversas entidades do setor e parlamentares da oposição no Congresso Nacional.

A ABED possui núcleos regionais em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Alagoas, Bahia, Pernambuco, Piauí, Sergipe, Amazonas, Pará e Distrito Federal e em fase de estruturação em outros oito estados. Além disso, possui representações nos Estados Unidos e Europa.

“Vamos nos fortalecer para participar na arena de luta enfrentado esse projeto econômico neoliberal, antinacional, ameaças à democracia, ao corte das verbas das universidades e às liberdades”, disse Adroaldo Quintela, o coordenador de organização da entidade.

Segundo Adroaldo, a ABED nasce como um projeto de organização dos economistas de longo prazo. “Defendemos outro projeto de desenvolvimento para o Brasil que tem como centro o homem, o meio ambiente e a vida. Hoje estamos unidos em defesa da democracia e de um país mais justo com equidade econômica e social”, argumentou.

Sobre a tentativa de furar o bloqueio na chamada grande imprensa que só dá voz a economistas defensores do atual sistema, Adroaldo Quintela diz que haverá tentativa de ser ouvido, mas aposta na mobilização, nos consórcios com a imprensa alternativa e numa conferência a ser organizada no Brasil com ganhadores de prêmio Nobel na área.

Dirigente do Conselho Federal de Economia (Cofecon), Antonio Corrêa de Lacerda, diz que o papel da entidade é trazer para a sociedade brasileira que não existe um caminho único, que é reproduzido “diuturnamente”, via grande imprensa, respondendo os interesses do mercado financeiro. “Trata-se dos rentistas que se apropriam de grande parte da transferência de renda que a política econômica praticada no país proporciona”, afirmou.

“Entre o pagamento de juros da dívida pública, cerca de R$ 400 bilhões, mais o pagamento do setor privado, famílias e empresas dos credores, nós temos um montante superior a R$ 1 trilhão, algo como 12% do PIB que são transferidos ao sistema financeiro em detrimento da saúde, da educação e do investimento em infraestrutura”, diz.

Para ele, é preciso repensar essa estrutura para recuperar a capacidade de investimento, promover o consumo das famílias e resgatar as políticas públicas como forma de voltar a investir no país.

Parlamentares destacam evento

A deputada federal Perpétua Almeida (PCdoB-AC) considerou de fundamental importância que os economistas brasileiros tenham um olhar para o atual momento do país.

“Os números colocados demonstram que as coisas não são bem assim como estão sendo divulgadas. Por outro lado, eles estão nos alertando que se não houver investimento no país áreas como educação, ciência e tecnologia e moradia podem quebrar”, afirmou a deputada.

Organizadora do evento, a deputada e economista Lídice da Mata (PSB-BA) lembrou que muitos pensadores na área acreditam que é possível construir uma sociedade menos elitista, concentradora de renda e capaz de dar ao país a oportunidade de ser uma nação independente e soberana economicamente.

O senador Humberto Costa (PT-PE) diz que a criação da ABED se soma as mesmas iniciativas que tiveram os juristas e médicos pela democracia. Agora, o senador destaca outra luta que ele chamou de juventude pela democracia.

“É um grande estopim, uma grande faísca que vai colocar milhões nas ruas contra esse governo antidemocrático, antipovo e antinacional. Parabéns pela iniciativa e contem como o nosso apoio”, disse.

A presidente nacional do PT, deputada Gleisi Hoffman (PR) disse que o surgimento da entidade é importante porque a questão econômica está “intrinsicamente” ligada ao modelo de desenvolvimento atual no país.

“Não há democracia no liberalismo. O modelo liberal de economia pressupõe a exclusão de uma parte considerável da sociedade, por isso é importante os economistas fazerem uma frente em defesa da democracia”, considerou.