Cuba enfatiza apoio à legalidade na Venezuela

Comemoração do 1º de maio se deu em meio a tensões com EUA por causa de Maduro

Por Noemi Galban, Raimundo Urrechaga – Xinhua

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Uma grande comemoração do 1º de maio na capital cubana, Havana, nesta quarta-feira, refletiu um amplo apoio ao governo e à defesa do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, apesar das crescentes tensões entre o país e os Estados Unidos.

Quase um milhão de cubanos participaram da manifestação, rejeitando as medidas norte-americanas para intensificar o embargo comercial de quase seis décadas contra Havana e denunciando os esforços de Washington para derrubar Maduro.

Raúl Castro, primeiro secretário do Partido Comunista de Cuba (PCC) e presidente Miguel Díaz-Canel, presidiu as comemorações em Havana, poucas horas depois que o presidente norte-americano Donald Trump ameaçou impor um "embargo total e completo", a menos que Cuba deixe de apoiar Caracas.

"Nem as ideias de Trump, Marco Rubio ou outros nos EUA que querem que nos curvemos vão conseguir isso. Cuba está viva. Fidel (Castro) está conosco aqui e continuaremos apoiando a revolução", disse à Xinhua Joel Fiallo, funcionário do governo na manifestação.

Diferentemente dos anos anteriores, o comício não começou com declarações de líderes sindicais locais ou grandes figuras políticas, mas com uma gravação do discurso de Fidel Castro em 1º de maio de 2000 descrevendo seus ideais revolucionários.

Cuba tem apoiado firmemente Maduro em meio às tentativas da oposição de extrema-direita da Venezuela, apoiada pelos EUA, de derrubar seu governo.

Sob a bandeira de "Unidade, Compromisso e Vitória", comícios semelhantes foram realizados em toda a ilha em uma demonstração de apoio a Díaz-Canel, que apenas um ano após tomar posse enfrenta problemas econômicos e intensificar as sanções americanas, e rejeita a posição anti-cubana de Trump.

A Casa Branca anunciou recentemente que estava ativando o Título III da Lei Helms-Burton, abrindo caminho para ações judiciais americanas sobre propriedades nacionalizadas ou expropriadas pelo governo de Cuba.

"Viemos para defender a liberdade dos trabalhadores cubanos e condenar o bloqueio americano contra nosso país, especialmente com a imposição do Título III da Lei Helms-Burton", disse Amelia Mendoza, médica cubana.

Os cubanos costumam se referir ao embargo como um bloqueio, já que ele impede efetivamente que empresas americanas e internacionais façam negócios com Cuba.

Mais de 1.400 delegações estrangeiras de cerca de 80 países viajaram a Cuba para participar da celebração dos direitos dos trabalhadores.

"Compartilhamos a luta do povo cubano contra o embargo dos EUA e estamos aqui para apoiá-lo em meio às crescentes tensões com Washington", disse Nicolás Capira, líder sindical argentino.

A forte presença em Havana serviria para ratificar a independência e o socialismo de Cuba diante das ameaças dos EUA, afirmou Díaz-Canel no Twitter.

Durante horas, a Praça da Revolução de Havana foi o epicentro das comemorações do Dia Internacional do Trabalho, com um mar de manifestantes agitando bandeiras e faixas, com alguns dizendo "Abaixo a Lei Helms-Burton".

"Estamos aqui marchando como a maioria dos cubanos está fazendo hoje, apoiando a revolução, os trabalhadores, Díaz-Canel, Raúl (Castro), e estamos muito felizes por estar aqui", disse Aracelys Bedevia, jornalista cubana que foi ao comício com toda sua família.