Pastoral da Terra denuncia assassinato de sindicalista no MT

Líder sindical assassinado em Chapada foi vítima de conflito do campo, afirma CPT. De acordo com a CPT, o assentamento onde Edmar Branco residia está situado em uma região onde ocorrem diversas situações de violência.

Do blog Circuito Mato Grosso – Sandra Carvalho

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A Comissão Pastoral da Terra no Mato Grosso (CPT-MT) denunciou nesta quinta-feira (02) que Edmar Valdinei Rodrigues Branco (59), assassinado na última semana, na zona rural de Chapada dos Guimarães, teria sido mais uma vítima de conflito no campo.

Após cinco dias de desaparecimento, o corpo dele foi encontrado, segundo informações da família, no dia 24 de abril com sinais de três tiros e em estado de decomposição. “A CPT tomou conhecimento de mais este crime contra um aguerrido militante na mesma semana em que lançava a 34ª edição da publicação Conflitos no Campo Brasil 2018, que destaca o aumento da violência no campo brasileiro”, afirmou a comissão por meio de nota.

Em Mato Grosso, de acordo com a CPT, houve em 2018 um aumento de 88,39% de famílias despejadas, de 103,11% de famílias que sofreram ação de pistolagem e de 13.650% de famílias que foram expulsas por jagunços.

“Edmar, em seu processo de militância, participou da diretoria do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Chapada dos Guimarães, acompanhou e contribuiu com a organização das famílias atingidas pela barragem de Manso e atuou enquanto agente da CPT, quando vivenciou e denunciou várias situações de violência contra o povo do campo mato-grossense”, diz a nota da CPT.

Ainda segundo a comissão, Edmar sempre lutou em defesa dos direitos humanos, em defesa da terra, das águas e das florestas. “Artesão, ambientalista convicto, praticante da agroecologia e da economia solidária, sempre preocupado com a problemática do desmatamento, Edmar mantinha seu lote no Assentamento Jangada Roncador, em Chapada dos Guimarães, preservado e livre de agrotóxicos. É descrito pelos amigos e amigas como um artista”.

Em 1995, foi uma das primeiras pessoas a motivar a organização das famílias para reivindicarem o assentamento em uma área que pertencia ao estado de Mato Grosso, a Gleba Jangada Roncador.

De acordo com a CPT, o assentamento está situado em uma região onde ocorrem diversas situações de violência, com histórica disputa por terras, mineração e caça predatória.

“Exigimos do Estado de Mato Grosso a apuração de forma efetiva deste crime que ceifou a vida de mais um militante social, para que não fique impune, como tantos outros, pois sabemos que a impunidade é a característica principal da violência contra o povo do campo, como já denunciado tantas vezes pela Pastoral da Terra”, cobra a CPT.