Sem bloqueio econômico dos EUA, Venezuela não estaria em crise

Sanções do governo Trump e queda do preço do barril de petróleo prejudicaram a economia venezuelana e parte do abastecimento.

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De acordo com o jornalista e analista político Amauri Chamorro, o bloqueio econômico norte-americano é um dos principais vilões da crise econômica e política da Venezuela, sendo responsável em grande medida pelo problema de abastecimento e da hiperinflação na economia local.

"Os Estados Unidos proibiram que qualquer instituição financeira que tenha sede em solo americano faça qualquer tipo de transação com o Estado, com alguma pessoa ou com uma empresa venezuelana. Se ela fizer, terá os bens bloqueados nos EUA. Então, os bancos do mundo inteiro não fazem mais transação com venezuelanos", explicou Amauri, em entrevista à jornalista Marilu Cabañas na Rádio Brasil Atual.

Os embargos norte-americanos não são apenas para os bancos, e chegam até as transportadoras responsáveis pelo alimento que chega à Venezuela. "Os EUA têm um monitoramento de todos os barcos que atracam nos portos venezuelanos. (Se eles param lá) Essas embarcações estão proibidas de chegar na Europa, ou seja, as companhias de transporte naval não querem mais levar produtos à Venezuela, porque serão proibidas de atracarem nos Estados Unidos e Europa. Então, isso origina um processo de desabastecimento", acrescenta o analista político.

O jornalista, que está em Caracas, relata que há comida para a população, o problema é o preço elevado, dificultando o acesso da população mais pobre. Para ele, fica evidente que, sem as sanções norte-americanas, não haveria a crise no país.

"Na Venezuela tem uma crise econômica, por conta da hiperinflação. Eles importam tudo o que consomem, até o leite, porque só vivem da exportação de petróleo. Então, são vítimas da queda do preço do barril de petróleo, somada ao bloqueio econômico", explicou.

Desde a última terça-feira (30), o presidente venezuelano Nicolás Maduro, enfrenta uma tentativa de golpe do autodeclarado presidente da Venezuela, Juan Guaidó. Entretanto, o líder eleito ainda obtém maior apoio popular.

Chamorro explica também que o apoio a Maduro se dá pelo fato de o governo não ter abandonado a população em meio a crise. "O governo criou uma coordenação de abastecimento de remédios, comidas e higiene pessoal. Uma vez por semana, um caminhão entrega tudo que uma família precisa, com um preço fixo e acessível. Atualmente, quatro milhões de casas são atendidas", disse.