A aurora nasce intranquila na Venezuela

País é o centro da resistência a uma ofensiva brutal dos neocolonizadores da América Latina

Por Osvaldo Bertolino

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Hoje, Primeiro de Maio, o mundo amanheceu apreensivo. O Dia Internacional dos Trabalhadores terá manifestações gigantes em todo o planeta, mas as atenções estarão voltadas para a Venezuela. No país em que se firmou a verdade política de que a América Latina não pode ser quintal dos parasitas do mundo financeiro, haverá atos a favor e contra o governo de Nicolás Maduro, democraticamente eleito.

A defesa da soberania e da democracia na Venezuela é uma causa de toda a América Latina. A região desfrutou pouco dos benefícios trazidos pelos ventos democratizantes que varreram o mundo após a Segunda Guerra Mundial. Depois dos golpes sanguinários iniciados na décda de 1950, derrotados democraticamente, veio o avanço da onda direitista, no leito da retomada das velhas teses liberais — agora chamadas de neoliberais.

Depois dos governos neoliberais de Margaret Thatcher na Inglaterra e Ronald Reagan nos Estados Unidos, essa ofensiva ganhou um tom mais belicoso com George W, Bush e sua Aérea de Livre Comércio das Américas (Alca). Com as rédeas do império nas mãos, ele passou a agir perante o mundo como um autêntico pistoleiro do Texas, um Jesse James do neoliberalismo.

Mas, em resposta à catástrofe política, moral e econômica dessa receita, a região experimentou as benesses de um ciclo democrático e progressista — do qual a Venezuela é atualmente um centro resistente —, golpeado pela nova ofensiva do regime de Washington, agora comandado por Donald Trump.

Guerra social

Sem moral para defender suas teses, o neoliberalismo apela para a guerra midiática, como sempre impondo um ponto de vista sobre democracia sem nenhuma correspondência com a prática. Esse modelo político e econômico arrebentou com a produção, fez explodir a dívida pública, pôs metade do continente no desemprego e comprometeu sua capacidade de crescer.

É importante lembrar que na Venezuela, para interromper a "revolução bolivariana", em 2002 os sequestradores do então presidente Hugo Chávez invocaram absurdos como questões de classe social e cor da pele. Não sem explicação os sucessivos candidatos a “restaurar a democracia” no país, que desaparecem na mesma velocidade com que aparecem, são representantes das altas fortunas. Um deles, o jovem empresário fascistóide Carlos Fernandez, disse: "Se o presidente (Chávez) não retificar sua atitude de guerra social, a fratura da sociedade irá crescer."