Declaração machista de Bolsonaro é repudiada por centrais sindicais

A afirmação de Jair Bolsonaro de que os turistas estrangeiros fiquem à vontade para vir ao Brasil “fazer sexo com uma mulher”, mas o país não pode ser  de turismo gay” foi repudiada por centrais sindicais. Em nota, chamam a declaração de “sentença infeliz”, que “além de ofender profundamente a dignidade dos homossexuais, reduz as mulheres brasileiras à meros objetos sexuais” e reforça a mentalidade machista e misógina que resulta em altos índices de feminicídio e violência contra as mulheres.

Turismo sexual - Ilustração: Ministério do Turismo

Confira nota na íntegra:

Nota das centrais sindicais em repúdio às declarações machistas do presidente Jair Bolsonaro

Nós, trabalhadoras e trabalhadores, vimos por meio desta manifestar total repúdio e indignação com relação à declaração do presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, na última quinta-feira, 25, através de sua conta no Facebook, onde disse que: “O Brasil não pode ser um país do mundo gay, de turismo gay. Temos famílias. Quem quiser vir aqui fazer sexo com uma mulher, fique à vontade. Agora, não pode ficar conhecido como paraíso do mundo gay aqui dentro”.

Ora! Tal raciocínio é totalmente descabido! O turismo LGBT em nada ofende as famílias brasileiras. O que ofende as famílias é afirmar que o Brasil está aberto para que estrangeiros venham aqui para “fazer sexo” com as mulheres.

Por anos o Brasil padeceu da pecha de promover o turismo sexual. Esta prática foi desastrosa para todos os brasileiros, mulheres, homens, crianças e adolescentes. Segundo o portal Direitos da Criança, no Brasil, alguns destinos se consolidaram como “rotas de sexo fácil e barato, grande parte como resultado de uma desastrada campanha de divulgação do país no exterior, realizada ao longo de anos”.

A sentença infeliz do presidente, além de ofender profundamente a dignidade dos homossexuais, reduz as mulheres brasileiras à meros objetos sexuais, reforçando uma mentalidade machista e misógina que na prática resulta em altos índices de feminicídio e violência de toda ordem contra as mulheres.

Não podemos permitir que esse tipo de prática prospere, retrocedendo em espaços já conquistados pelas mulheres, pelos homossexuais, trabalhadores, e por todos dos cidadãos brasileiros, reconhecidos mundialmente pela convivência fraternal, harmônica e pela aceitação à diversidade!

São Paulo, 27 de abril de 2019

Miguel Torres, presidente da Força Sindical.
Maria Auxiliadora dos Santos, secretaria da Mulher da Força Sindical.
Adilson Araújo, presidente da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB).
Celina Áreas, secretaria da Mulher da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB).
Antônio Neto, presidente da Central de Sindicatos Brasileiros (CSB).
Antonieta de Cassia de Faria (Tieta), secretaria da Mulher da Central de Sindicatos Brasileiros (CSB).
Antônio Calixto Ramos, presidente da Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST).
Sonia Maria Zerino, secretaria da Mulher da Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST).