Macron cede aos coletes amarelos, mas reafirma pauta neoliberal

Presidente francês pede aos franceses que trabalhem mais. 

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O presidente francês, Emmanuel Macron, apresentou medidas com as quais espera acalmar a França dos coletes amarelos após cinco meses de protestos e dois meses de um grande debate nacional. Suas receitas incluem uma redução de impostos para a "classe média" e um aumento das pensões (as mais baixas serão atreladas à inflação), além de uma simplificação das regras dos referendos para tentar que a população se sinta mais envolvida no processo democrático.

O presidente reconheceu que a crise dos coletes amarelos revelou um profundo mal-estar e um sentimento de “injustiça social” que não se pode ignorar. O que não significa, salientou, que o rumo "reformista" que ele trilhou ao chegar ao Eliseu, dois anos atrás, tenha sido a rota equivocada. Mas ao mesmo tempo Macron reforçou sua intenção de manter as "reformas" e rechaçou algumas das principais medidas reivindicadas pelos coletes, começando pela reintrodução do criticado e suspenso imposto sobre fortunas (ISF), algo que Macron descartou novamente.

Aposentadoria

Macron descartou a hipótese de voltar a aplicar o imposto sobre as grandes fortunas, de forma de continuar a atrair investimento para o país. O presidente francês reconhece, no entanto, que a carga fiscal sobre os trabalhadores é já pesada. "Vou ser claro: não quero uma subida de impostos. Quero baixar os impostos para quem trabalha, reduzindo significativamente o imposto sobre os rendimentos", anunciou.

A idade da aposentadoria aos 62 anos permanece intacta, mas Macron deixa o aviso: os franceses terão de trabalhar mais para fazer face às despesas. "Temos de trabalhar mais, já disse, é o famoso debate que dura há semanas e é um eixo central, porque se formos ver, a França trabalha muito menos que os vizinhos. Em média, entramos mais tarde no mercado de trabalho, saímos mais cedo, e trabalhamos menos durante o ano. Portanto, precisamos de fazer um verdadeiro debate sobre o assunto, de forma a construirmos reais opções para seguirmos em frente. É essencial", afirmou.



As informações são do El país e da Euronews