Paulo Guedes usa Lava Jato para ameaçar deputados

Ministro da Economia disse que eles poderiam acabar parando lá no Sérgio Moro.

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Reportagem do jornal O Globo diz que o ministro da Economia, Paulo Guedes , provocou um momento de tensão em reunião no Palácio do Planalto ao afirmar a deputados que se a negociação política continuar a ser feita com base na ocupação de cargos no governo "iam acabar parando lá no Sérgio Moro".

A declaração foi relatada, segundo o jornal, por três parlamentares. A fala do ministro foi durante uma reunião na tarde da segunda-feira (22) do presidente Jair Bolsonaro com o governador de Roraima, Antonio Denarium (PSL), o senador Chico Rodrigues (DEM-RR) e deputados daquele estado. Questionada pela reportagem, a assessoria informou que o ministro não iria comentar o episódio.

A reunião com os políticos de Roraima visava debater assuntos fundiários do estado e o projeto de um linhão de energia para tirar a dependência do local de energia importada da Venezuela. No meio dos debates discutiu-se a nomeação do superintendente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária. O governador do estado afirmava já haver um acordo sobre o indicado, mas o coordenador da bancada, deputado Hiran Gonçalves (PP-RR), interrompeu dizendo que não havia ainda entendimento concreto e que a função deveria ser debatida em conjunto com outros cargos regionais oferecidos aos parlamentares.

Foi aí que Paulo Guedes, que tinha chegado na reunião já no meio fez a crítica aos parlamentares. O ministro disse que os deputados se elegem no primeiro mandato com uma visão idealista e com o tempo acabam entrando nos métodos tradicionais da política. Concluiu dizendo que quando continuam nessas negociações de cargos acabam avalizando pessoas que cometem delitos e eles próprios iam "acabar parando lá no Sérgio Moro", em uma clara referência às chantagens da Operação Lava-Jato.

Reação

A matéria do O Globo diz que, presente na reunião, o líder do PRB, Johnatan de Jesus (RR), reagiu de pronto. Ele afirmou que o governo precisava aprender a fazer política, que é preciso chamar os aliados para participar da construção de políticas públicas e que isso incluía sim a ocupação de cargos importantes nos estados. Afirmou que o Executivo deveria parar de achar que somente ele tem nomes qualificados para as funções e ouvir os parlamentares sem preconceito.

De acordo com os relatos, Guedes se desculpou de pronto. Afirmou que não teve intenção de ofender os parlamentares. Mas a reunião não durou muito. O presidente e os parlamentares voltaram a tratar do tema inicial. O nome do ministro sequer constou na agenda oficial de Bolsonaro como presente na reunião sobre Roraima. Guedes teve uma reunião individual com o presidente na sequência do encontro dos parlamentares.