Agenda de privatizações agressisvas encontra resistência

Volta das privatizações selvagens é um dos pontos principais das propostas da área econômica do governo Bolsonaro.

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Matéria do jornal O Estado de S. Paulo diz que a proposta do governo Bolsonaro de de privatizar os Correios e liquidar a Ceitec, empresa responsável pela produção de chips de monitoramento de animais e medicamentos, enfrenta resistência do ministrio da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes. Ele tem defendido maior reflexão sobre a estratégia para as empresas, que estão sob sua tutela.

Pontes disse ao Estado que não é contra o programa de privatização e que está "alinhado" às diretrizes de Guedes, mas defende que a decisão deve ser baseada em fatos, números e um plano de negócios bem estruturado, que leve em conta as necessidades estratégicas do País, o retorno para o governo e "principalmente" a garantia dos direitos dos servidores. "É uma decisão importante que afeta dezenas de milhares de famílias e precisa ser feita de forma responsável e lógica, sem precipitação", afirma.

A privatização da Eletrobrás também esbarra no impasse sobre o modelo da operação e nas resistências políticas do Congresso Nacional e dentro do governo, inclusive na área militar. A empresa é um celeiro de cargos de indicação política para aliados. O secretário Especial da Fazenda, Waldery Rodrigues, tem insistido em entrevistas recentes que a empresa será vendida ainda este ano, mas técnicos experientes do governo ouvidos pelo Estado apontam que as divergências são grandes e o processo pode não ser concluído em 2020.

Agenda

Se o Estado,  o ministro da Economia, Paulo Guedes, tem conversado com o presidente Jair Bolsonaro sobre a necessidade de acelerar o processo de venda e liquidação das estatais. Bolsonaro já aceitou incluir os Correios na lista, segundo interlocutores do ministro. A crise provocada pela suspensão do aumento do diesel pelo presidente, na avaliação de assessores da área econômica, que colocou em xeque a agenda ultraliberal de Guedes.

Um sinal dessa melhora recente foi interpretada pela área econômica pela fala do presidente Bolsonaro de que tem "simpatia inicial" pela ideia de privatização da Petrobrás. A declaração foi feita quando o presidente foi convidado a comentar a declaração dada na quarta-feira por Paulo Guedes, de que Bolsonaro havia "levantado a sobrancelha" quando foi aventada a ideia de privatizar a estatal.

Estão na mira também o Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal. A Petrobrás já anunciou, semana passada, que vai vender 60% de quatro refinarias nas regiões Nordeste e Sul do País. Nos bastidores do governo, diz o jornal, a avaliação é de que a agenda de privatizações ainda não decolou por conta do foco na "reforma" da Previdência.