Por dentro do buraco negro

O que realmente é possível ver na imagem do buraco negro?

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A revista Galileu diz que a primeira imagem já feita de um buraco negro mostrada no último dia 10 pela Fundação Nacional de Ciências (National Science Foundation, em inglês) marca a comunidade científica. Foi a primeira vez que astrônomos conseguiram captar precisamente a imagem do buraco, um fenômeno invisível — no qual a força da gravidade é tamanha que suga tudo ao seu redor — e até então conhecido apenas em ilustrações.

Mas o que exatamente é possível ver na imagem divulgada? De acordo com a matéria, não se trata de uma fotografia, mas de uma imagem criada por uma rede de telescópios, o projeto Event Horizon Telescope (EHT). O que o EHT fez foi recolher dados de oito telescópios alocados em diferentes partes do mundo. Foram estudados dois buracos negros, um na Via Láctea, que não produziu resultados, e outro na galáxia Messier 87, localizada no aglomerado vizinho de Virgem. Este sim, bem maior que o primeiro, teve êxito e resultou na imagem divulgada.

O buraco da Messier 87 está a 55 milhões de anos-luz da Terra, tem cerca de 100 bilhões de quilômetros e 6,5 bilhões de vezes a massa do nosso Sol. O anel dourado que pode ser visto no pretume é o horizonte de eventos, o ponto em que um objeto não consegue mais escapar o buraco negro, sendo engolido por sua gravidade. Aquilo que atravessa essa fronteira passa pela chamada espaguetificação. Descrito pela primeira vez pelo físico Stephen Hawking, é um processo no qual um corpo é esticado pela imensa gravidade, como se fosse um espaguete.

E o buraco no centro desse anel? Heino Falcke, do conselho do EHT, explicou em entrevista à imprensa que a imagem divulgada mostra exatamente a silhueta do buraco negro envolta na luminosidade do horizonte de eventos. No centro do buraco, há uma gravidade singular, para a qual toda a matéria é sugada e espremida num espaço infinitamente pequeno.

Já duvidou-se muito da possibilidade de criar uma imagem de um buraco negro, e a realização do EHT será fundamental para entender o funcionamento desse fenômeno. Em especial pelo retrato do horizonte de eventos, importante para testar a teoria da relatividade geral.