25 anos sem Dener: sua fugaz passagem pela Seleção Brasileira

Meia-atacante atuou em apenas duas partidas na equipe principal. Porém, deixou como lembrança a impetuosidade e o desejo de se sobressair: "Sempre com os olhos atentos".

Por Vinícius Faustini, no Lance!

Dener - Foto: Reprodução

A magia que Dener mostrava com a camisa da Portuguesa logo fez com que ele alcançasse um de seus sonhos. O eterno camisa 10, que há 25 anos morreu precocemente, devido a um acidente de carro ocorrido em 19 de abril de 1994, deixou como lembrança uma passagem pela Seleção Brasileira.

Coube a Paulo Roberto Falcão dar uma oportunidade ao então jogador de 20 anos, que era convocado pela primeira vez em um momento de renovação da Seleção:

– Na verdade, resolvemos dar prioridade a quem atuava no Brasil, para conhecer o potencial de quem atuava aqui. Trazíamos poucos atletas que estavam na Europa. Foi aí que apareceram no futebol brasileiro nomes como Cafu, Mauro Silva, Márcio Santos, Luiz Henrique… E também demos espaço ao Dener, que vinha em uma grande fase na Portuguesa – recordou o ex-técnico da Seleção, ao Lance!.

Falcão apontou quem foi decisivo para ele chamar o camisa 10 da Lusa:

– Eu tinha uma comissão técnica muito forte. O Otacílio Gonçalves, meu auxiliar, chamou atenção do Dener, disse que ele tinha muito futuro. Garantiu: "pode levar, esse garoto vai render".

O então técnico da Seleção Brasileira recordou como o meia-atacante se comportava nos treinos:

– Embora fosse meio quietinho na convivência, Dener era aquela pessoa com os olhinhos atentos, sabe? A velocidade que ele tinha para conduzir a bola era a mesma com a qual ele via tudo o que se passava.

Colega de Dener nesta convocação, o atacante Careca Bianchesi contou que ele logo chamou atenção:

– É normal em uma Seleção ver jogadores ansiosos por mostrar serviço. E no treinamento, ele logo mostrou que não estava com medo. Quando tinha a bola, partia para cima, sem o menor pudor mesmo.

À época com 20 anos, Dener teve um batismo de fogo: entrou no decorrer de um amistoso com a Argentina, em Buenos Aires. Bem-humorado, Paulo Roberto Falcão revelou uma coisa que encheu seus olhos sobre o futebol do craque.

– Estava previsto que ele ia entrar no lugar do Luiz Henrique. O jogo estava bem difícil, contra a Argentina ainda, né? A gente estava perdendo… Aí ele entrou sem que o Luiz Henrique tivesse saído ou que o juiz tivesse autorizado (risos). Queria ir para o jogo, mostrou personalidade!

Logo depois, Dener apresentou seu repertório em grande estilo:

– O Mazinho Oliveira roubou uma bola na nossa área. Aí o Dener foi, arrancou até a intermediária e esticou para o Renato Gaúcho, que tabelou com o Careca Bianchesi. Aí o Careca marcou.

Radicado no México atualmente, Bianchesi (que jogava no Palmeiras) lembra até hoje deste gol, que sacramentou o empate em 3 a 3 no duelo:

– É impressionante como ele avançou. Depois vem a jogada, e eu fui muito feliz também ao tocar na saída de Goycochea.

Dener voltou a jogar pela Seleção Brasileira no decorrer da vitória por 1 a 0 sobre a Romênia, no amistoso seguinte (e atuou por nove vezes com a Seleção Olímpica). Contudo, não foi convocado para a Copa América daquele ano e também não teve espaço com o técnico seguinte, Carlos Alberto Parreira.

Mesmo assim, o meia-atacante deixou boas impressões ao seu antigo comandante com a camisa amarelinha:

– A velocidade dele conduzindo a bola, a habilidade, são de arrepiar até hoje.

A luta incessante de Dener por apresentar seu futebol seguiria por outras plagas e vestindo outras camisas. O garoto ainda tinha muito o que consolidar no seu futebol.