Grupo de Lima reforçará ofensiva dos EUA na Venezuela

Representantes dos governos alinhados a Washington se reúne no Chile.

Venezuela

O autodeclarado “presidente” da Venezuela, Juan Guaidó, disse, em entrevista ao jornal argentino Clarín, divulgada no domingo (14), que muito já “se avançou para encurralar Maduro”. Em tom provocador, o representante do intervencionismo estadunidense no país disse que o país está sob “intervenção” dos países alvos da ofensiva geopolítica de Washington. “De fato, já existe uma intervenção militar ilegítima, como a russa e a cubana, permitida por Maduro”, afirmou.

Na entrevista, o jornal também questionou Guaidó sobre a relação com os russos. Segundo o representante do regime da Casa Branca, o Kremlin disse que “a solução para o conflito é dos venezuelanos”. E complementou dizendo que as tropas russas “não autorizadas” em território venezuelano “devem ir embora”.

O ofensiva contra a Venezuela volta a ser pauta dos governantes sul-americanos alinhados com os Estados Unidos nesta segunda-feira, quando os ministros das Relações Exteriores desses governos na região se reúnem em Santiago, no Chile. A reunião faz parte da agenda do Grupo de Lima, criado em 2017 para conspirar contra o governo venezuelano.

A última reunião do grupo, realizada em 24 de fevereiro, na Colômbia, foi considerada um fracasso. A reunião foi seguida pela frustrada tentativa de entrada de “ajuda humanitária”, uma ação intervencionista na Venezuela, impedida pelo governo do presidente Nicolás Maduro. De lá para cá, pouca coisa mudou. A Venezuela sofreu com a sabotagem que causou uma série de apagões em março, deixando partes do país sem energia e a população com falta de remédios, alimentos e mesmo água potável.

O secretário de Estado americano, Mike Pompeo, esteve na América do Sul semana passada, em missão conspirativa, para visitas a Chile, Paraguai, Peru e Colômbia. Na última reunião da viagem, com o presidente colombiano Iván Duque, Pompeo pediu que Maduro deixasse o poder, para o qual foi eleito democraticamente, e abrisse as fronteiras. Ele não mencionou intervenção, mas disse que os Estados “continuarão utilizando todos os meios políticos e econômicos à nossa disposição para ajudar os venezuelanos”.

O périplo de Pompeo foi uma resposta ao apelo dos golpistas venezuelanos, que se dizem decepcionados pelo que considera a “inação” do continente. Eles querem que o cerco ao país seja reforçado, com mais medidas para asfixiar a economia do país. Mas nenhum país da América do Sul implementou sanções. Eles querem inclusive ações contra a relação comercial com a China, que mantém relações comerciais com a Venezuela.

Terreno financeiro

Especula-se na mídia que sanções são o que Pompeo pediu a Chile, Peru, Colômbia e Paraguai. O cenário será discutido hoje pelos chanceleres do Grupo de Lima, incluindo o brasileiro Ernesto Araújo. Para o Brasil, não é simples aplicar sanções, técnica ou diplomaticamente, assim como para muitos outros países da região. Mas os Estados Unidos vão redobrar as pressões.

Uma fonte chilena, que acompanhou o encontro de Pompeo com Piñera, disse que os Estados Unidos pedirão mais ação no terreno financeiro e a adoção de medidas que limitem a margem de manobra do governo venezuelano. Até agora a ofensiva regional tem sido essencialmente diplomática, com exceção da tentativa de entrada de “ajuda” através das fronteiras da Colômbia e do Brasil, que fracassou. Na sexta-feira (12), Pompeo afirmou que o governo de Donald Trump, ao contrário de seus antecessores, “não cometerá o mesmo erro de falar e não partir para a ação”.

Com agências