Para Manuela, governo "é uma tragédia"

Manoela D'avila lançou livro "Revolução de Laura" na noite desta quarta (10) em Fortaleza

Manuela lança livro em Fortaleza

Em passagem por Fortaleza, Manuela D'Ávila (PCdoB) foi sucinta, ontem, sobre os 100 dias de governo de Jair Bolsonaro: "é uma tragédia". Entre as principais críticas, a falta de investimentos em educação e a não resolução para o alto número de desempregados, além das trocas de cadeira que ocorreram em diversos Ministérios. Para a ex-candidata a vice-presidência, contudo, se "existe o não feito, o anunciado é ainda pior".

"A gente tem um anúncio da Reforma da Previdência que pune os mais pobres, (além) do anúncio que o governo apresentará uma PEC que desvincula a obrigatoriedade de investimentos em educação e saúde e, ao mesmo tempo, nós temos o vencimento do Fundeb, que é o que permitiu o maior salto de financiamento da educação brasileira e não há nem um único debate sobre isso no País", critica.

A ex-deputada estadual pelo Rio Grande do Sul afirma que uma das principais frustrações é quanto a falta de propostas do presidente quanto à segurança. Para ela, o projeto anticrime apresentado pelo ministro da Justiça, Sérgio Moro, não resolve os problemas de segurança enfrentados pelos estados brasileiros. "Os governadores se esforçam para estruturar a sua política de segurança pública lidando com um problema: as suas redes estaduais, as suas polícias militar e civil tem a esfera de atuação limita e o crime organizado não", defende.

Ela caracteriza como errôneas as estratégias que vêm sendo utilizadas pelo capitão reformado a frente da presidência, além de criticar o alinhamento com os Estados Unidos. O olhar de Bolsonaro, explica D'Ávila, está voltado para referências fora do País que governa. "O presidente já colocou os pés no Nordeste? (..) Eles são absolutamente preconceituosos com o nosso País, eles não gostam do Brasil. Quais são as referências deles? São os outros, não somos nós", critica.

Presente na Caravana Lula Livre, que ocorreu no último fim de semana marcando um ano da prisão do ex-presidente, ela defende ser uma pauta que "é uma luta dentro de outras lutas". "A prisão de Lula é o símbolo mais visível das ameaças ao estado democrático de direito. Para mim, a luta número 1 é para defender a democracia e as nossas instituições. Quanto mais democrático o Brasil for, nós temos direito a nossa vida mais livre. A liberdade de Lula está dentro disso", acredita.

Quanto ao movimento de oposição a Bolsonaro, ela pondera que é necessário "dar as mãos". "Eu não tenho paciência para que a gente fique brigando entre nós. Vamos olhar menos para a eleição e mais para o Brasil. O Brasil está escorrendo na nossa mão e a gente está pensando em quem é a mão que está tentando segurar", afirma. Indagada sobre uma possível candidatura nas eleições de 2022, Manuela D'Ávila desconversa. "Eu vou fazer a discussão sobre a minha vida e as disputas eleitorais dentro do meu partido", resume.

Manuela D'Ávila participou do lançamento do livro "Revolução Laura" ontem, em Fortaleza. O livro relata a caminhada da, então, pré-candidata a presidência da República pelo PCdoB que viria a formar chapa com Fernando Haddad (PT) para a disputa eleitoral, destacando a singularidade de percorrer um país continental amamentando e cuidando da filha Laura, além da estranheza que a presença de uma criança, em meio a um ambiente político, causava.