De Olho no Mundo, por Ana Prestes

 A prisão de Julian Assange é destaque nas notícias internacionais desta quinta-feira (11), bem como a reperscussão negativa dos 100 primeiros dias do governo Bolsonaro, a crise do Brexit, a nova Constituição cubana e a postura do governo Argntino de não seguir o mau exemplo de Bolsonaro de rever a história argentina.

Leia abaixo as noticias.

Julian Assange

 Assange preso. Presidente do Equador, Lenin Moreno, tirou o asilo que o país dava a Julian Assange em sua embaixada em Londres, e consequentemente o fundador do WikiLeaks foi preso pelas autoridades do Reino Unido. A prisão se deu sob a alegação de que Assange deve se apresentar às autoridades suecas onde responde por processo de violação sexual, mas no fundo são os EUA os que mais aguardam poder extraditar Assange para solo americano onde ele é acusado de vários crimes relacionados a vazamentos de dados sigilosos. Assange estava abrigado na embaixada desde 2012. Fundado em 2006, o WikiLeaks estourou em 2010 quando passou a publicar arquivos secretos do Exército Americano sobre as guerras do Iraque e do Afeganistão. Foram publicados também na época documentos do corpo diplomático americano e de agencias de inteligência dos EUA, revelando espionagens a outros países e chefes de Estado e governo.

Halloween é o novo dead line do Brexit.Theresa May ganhou mais seis meses, até 31 de outubro, para concluir o Brexit. O discurso, no entanto, é de tentar sair até 22 de maio, antes das eleições europeias. A imprensa britânica bate fortemente nela hoje por “se humilhar” perante aos europeus.

100 dias de retrocesso na política externa. Ontem, 10 de abril, foi dia de avaliar os 100 dias do Governo Bolsonaro. Uma das áreas mais criticadas por especialistas, diplomatas, acadêmicos e imprensa, tanto brasileiros como internacionais, foi a da política externa comandada pelo Embaixador Ernesto Araújo.

Bolsonaro vai à Argentina. O chanceler Araújo se reuniu ontem com seu homólogo argentino, Jorge Faurie, no Palácio San Martín, na capital argentina. O tema foi a preparação de pelo menos duas viagens que Bolsonaro fará ao país ainda nesse primeiro semestre. É muito interessante que toda a imprensa reforça o fato de que a viagem se dará no primeiro semestre sugerindo que membros do governo Macri não gostariam de ter Bolsonaro no país no segundo semestre, pela proximidade da data da eleição presidencial em outubro. Diríamos que Macri quer ser visto ao lado de Bolsonaro, pero no mucho.

Mercosul se reúne em julho. Uma das viagens de Bolsonaro à Argentina será para a Cúpula do Mercosul em Santa Fé na primeira metade de julho.

Governo argentino não faz revisionismo com ditadura. Perguntado se a posição revisionista do governo brasileiro quanto à ditadura de 64 poderia provocar reações contra Bolsonaro na Argentina, o chanceler Jorge Faurie disse que a posição do governo brasileiro não era um tema para a Argentina, mas reforçou: “Já a nossa posição com relação à nossa ditadura é clara e seguimos tendo um compromisso com a Justiça e os direitos humanos. As investigações sobre os crimes da repressão foram e continuarão sendo levadas às últimas consequências”.

Base de Alcântara no Congresso. Ontem foi dia do governo defender o Acordo de Salvaguardas Tecnológicas (AST) com os EUA para uso da base de Alcântara na Câmara do Deputados. Estiveram de forma concomitante em salas distintas o Ministro da Defesa, general Fernando Azevedo, e o Ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, defendendo o acordo. Entre outras coisas, Azevedo disse que o AST prevê o desenvolvimento de programas para fins pacíficos e Pontes disse que o Brasil não precisará de autorização dos EUA para lançar satélites que não tenham tecnologia americana. Os parlamentares foram enfáticos nas arguições aos dois ministros, com destaque para as questões da soberania brasileira, desenvolvimento científico e tecnológico e situação das comunidades quilombolas da região de Alcântara onde está a base.

Sergio Amaral deixa de ser embaixador em Washington. Ontem (10) também foi dia de remoção do embaixador do Brasil nos EUA, Sérgio Amaral. Ele vai agora para o escritório de representação em São Paulo. O mais cotado até agora para assumir um dos postos mais disputados no Itamaraty é Nestor Forster, que ainda não é embaixador dentro da carreira do Itamaraty. Por enquanto o posto fica sob o comando do diplomata Fernando Pimentel. A exoneração de Amaral, publicada no diário oficial, se deu enquanto o vice-presidente Mourão ainda estava em sua visita aos EUA, o que foi considerado um aviso, visto que a agenda montada por Amaral por Mourão foi muito elogiada por setores críticos ao governo Bolsonaro. Quanto ao candidato ao cargo, Nestor Forter, nota-se que foi ele quem apresentou Ernesto Araújo a Olavo de Carvalho e tem o aval deste, foi ele também quem organizou o jantar da embaixada brasileira na noite da chegada de Bolsonaro aos EUA, que contou com Olavo, Bannon e outros nomes da direita dos EUA.

Cuba já tem nova constituição. Foi realizada ontem (10) em Havana, Cuba, uma sessão solene na Assembleia Nacional para a proclamação da nova Constituição, aprovada por referendo popular (86,85%) em fevereiro. O ato ocorreu no mesmo dia em que se comemoram os 150 anos da primeira Carta Magna cubana. Foi Raul Castro quem comandou todo o processo de redação do novo texto constitucional e ele afirmou ontem que a Constituição agora aprovada garante a “continuidade da Revolução”. Ainda sobre a escolha da data de aniversário da primeira constituição, Raul disse: “esta constituição é continuidade daquela primeira, salvaguardando como pilares fundamentais a unidade de todos os cubanos, a independência e a soberania da pátria”.

Classe média endividada em todo o mundo. A OCDE divulgou ontem (10) um estudo chamado Under Pressure: The Squeezes Middle Class (Sob Pressão: A Classe Média Esprimida) que trata da análise sobre o endividamento crescente da classe média em 36 países membros da OCDE e países considerados emergentes como Brasil e África do Sul.

Apagão na Venezuela A Venezuela viveu um novo apagão iniciado na noite de terça (9) e que se prolongou durante o dia de ontem (10).

Oposição reconhece Netanyahu. O partido Azul e Branco, rival de Netanyahu na eleição do último dia 9, reconheceu ontem a vitória do atual premiê no pleito e prometeu oposição ferrenha. A vitória de B. Netanyahu foi recebida com pessimismo e péssimos prognósticos pelos analistas e ativistas por uma solução pacífica dos conflitos com a Palestina.

Araújo veta homenagem preparada pelos alunos do Rio Branco. O chanceler Araújo vetou que a turma do Rio Branco 2018 que se forma por agora homenageie o embaixador José Maurício Bustani que comandou a OPAQ (Organização para a Proibição de Armas Químicas) na época em que os EUA se preparavam para uma guerra com o Iraque. Na época, Bustani e funcionários da OPAQ disseram que o Iraque não possuía armas químicas. O fato fez com que John Bolton, hoje conselheiro da Casa Branca e subscretário de Bush para controle de armas e segurança internacional na época, pressionasse a saída de Bustani da OPAQ. O veto veio em defesa do governo dos EUA e em detrimento dos jovens
diplomatas brasileiros que viram em Bustani um exemplo a ser seguido.

Mais um presidente peruano preso. O ex-presidente do Peru, Pedro Pablo Kuczynski, de 80 anos, foi preso preventivamente ontem em cumprimento a uma ordem judicial por suposto crime de corrupção relacionado com a construtora brasileira Odebrecht. Além de Kuczynski, os ex-presidentes Ollanta Humala, que esteve preso ano passado, Alejandro Toledo que teve prisão decretada, mas mora nos EUA e é considerado foragido, e Alberto Fujimori, preso várias vezes, são alvos da justiça peruana.