Movimento comemora 40 anos de luta em defesa da Mata do Engenho Uchôa 

Os 40 anos de existência do Movimento em Defesa da Mata do Engenho Uchôa foram celebrados no final de março. São quatro décadas de luta conduzidas por um grupo, cada vez maior, de ativistas da causa ambiental cujo objetivo principal é a implantação do Parque Natural Rousinete Falcão na Mata Uchôa, em uma área de 192ha remanescente da Mata Atlântica e encravada em meio a 11 bairros da Zona Oeste do Recife. 

Movimento comemora 40 anos de luta em defesa da Mata do Engenho Uchôa - Divulgação

Os primeiros registros sobre a Mata do Engenho Uchôa datam de 1959. A partir daí a luta pela preservação da área envolveu diversos atores ao longo dos últimos 60 anos. Nesse período, um passo importante para a organização da luta pela preservação do espaço foi dado em 1979, com a criação do Movimento em Defesa da Mata do Engenho Uchôa.

Contrários à tentativa de construção de um condomínio de alto luxo e diante da grande atividade de mineração com a retirada de barro para a implantação do metrô, em 1978, os moradores da área se uniram e juntos conseguiram evitar a construção do condomínio e a consequente ampliação da destruição da mata. A partir daí inúmeras lutas foram travadas pelo grupo em defesa do meio ambiente e de melhores condições de vida para milhares de pessoas.

Mobilização social

Mesmo sem a implantação do parque natural (ainda), os ambientalistas do Movimento acumulam conquistas importantes para a preservação da área, inclusive do ponto de vista legal, entre elas, o reconhecimento da mata como Unidade de Conservação Estadual, em 1987, inicialmente como Reserva Ecológica da Região Metropolitana do Recife (RMR).

Graças à forte mobilização social em torno de sua proteção, em janeiro de 1996 a Mata do Engenho Uchôa passou a integrar o conjunto de 21 unidades de conservação (UC), assim definidas pela Prefeitura do Recife em legislação sobre uso e ocupação do solo, passando à categoria de Área de Proteção Ambiental (APA) em dezembro do mesmo ano.

Na mobilização para transformar a Mata de Uchôa em Parque Municipal, a Prefeitura do Recife declarou a área de utilidade pública para fins de desapropriação, o que não aconteceu. Em setembro de 2007, por meio da Lei Municipal nº 17.337, a APA da Mata do Engenho Uchôa passou a ser denominada APA Rousinete Taveira Falcão, atendendo solicitação da comunidade para homenagear uma de suas líderes e organizadoras do movimento em defesa da mata.

Outra conquista importante ocorreu em junho de 2011, com a recategorização da reserva para Refúgio de Vida Silvestre (RVS), pelo Governo do Estado. Em 2012 foi instituído e empossado o seu Conselho Gestor Consultivo. O Conselho é paritário, com onze representações da sociedade civil organizada e onze de órgãos públicos, cujas ações têm repercussão na área.

A partir daí outras questões se tornaram relevantes para a proteção da área, aí incluída a recorrente reivindicação do Movimento em Defesa da Mata do Engenho Uchôa de que seja ampliado o perímetro preservado para 192ha. Em 2013, a área do RVS foi ampliada de 20ha para 171,05ha. (Plano de Manejo/Semas).

Mais preservação, mais vida

A comemoração dos 40 anos de existência do Movimento em Defesa da Mata do Engenho Uchôa foi marcada por programação diversificada que incluiu muito debate, ações educativas e o lançamento do documentário “Uchôa, a Mata Pulsante”. A comemoração foi organizada pelo Movimento da Mata Uchôa e pelo Movimento Ecológico da Escola Estadual Humberto Castello Branco, localizada no bairro de Tejipió, Zona Oeste do Recife.

O encontro reuniu moradores de bairros localizados no entorno da Mata, estudantes, professores e ativistas da causa ambiental, e teve como tema principal “Fraternidade e Políticas Públicas”, quando se discutiu os caminhos para ampliar o nível de preservação do Refúgio de Vida Silvestre (RVS) Mata do Engenho Uchôa, bem como a melhoria da qualidade de vida dos moradores da área.

Segundo os organizadores, a intenção do evento foi alertar a sociedade para a importância de preservação das matas urbanas, bem como chamar a atenção “para os desafios da participação popular e da cogestão pública por meio dos conselhos” e outras entidades representativas da população. Paralelamente, à celebração do aniversário do Movimento, o evento marcou também a realização do XIX Movimento Ecológico da Escola Castello Branco.

Mata pulsante

O documentário “Uchôa, a Mata Pulsante” (Recife, 17 min, colorido) faz parte de uma série de seis vídeos produzidos com recursos da compensação ambiental, frutos de edital público da Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH). Dirigido pelo cineasta e jornalista Tiago Delácio e produzido pela Saga Audiovisual e pela Partilha Filmes, o documentário mostra as características ambientais, econômicas, sociais e culturais da área.

O filme traz ainda ações entremeadas com personagens que trabalham pela conservação daquele espaço verde, relatos sobre o usufruto correto do meio ambiente e o desenvolvimento sustentável, entre outros aspectos. Com cópias legendadas e áudio-descrição, o documentário será enviado para salas de exibição do estado, para as próprias UCs, dentro de ações voltadas para a Educação Ambiental, além de escolas e bibliotecas.

A coordenação do Movimento em Defesa da Mata do Engenho Uchoa é formada por Luci Machado – 98599.1442; José Semente – 98769.3475; Jacilda Nascimento – 99965.0916; Arlindo Lima – 98622.9518; Patricia Maria – 99183.9762 e Augusto Semente – 99258.7195.

Do Recife, Audicéa Rodrigues.