Governo Bolsonaro patina na articulação a favor da PEC da Previdência

A decisão de Jair Bolsonaro de protagonizar a articulação política em torno da aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 6/2019 da reforma da previdência não tem surtido efeito na prática.

Por Iram Alfaia

Bolsonaro e Ônix

Dos seis dirigentes dos partidos (PRB, PSD, PSDB, PP, DEM e MDB), que recebeu na quinta-feira (4), nenhum deles fechou posição favorável à proposta como queria o Planalto. O fechamento de questão obrigaria os parlamentares da sigla a seguir orientação da agremiação.

Bolsonaro chegou a propor a formação de um “conselho político” para se aproximar do Legislativo. Dois grupos participariam desse colegiado: um de presidentes de partido e outro de líderes no Congresso.

Mas os dirigentes dos partidos não toparam compor conselho sem antes “firmar um pacto de coalização governista” com os termos claros na mesa. “O diálogo está apenas começando”, disse o ministro Onyx Lorenzoni, tentando amenizar.

O resultado da reunião com os dirigentes partidários é o próprio reflexo da imagem que o governo tem no parlamento.

O Congresso em Foco divulgou nesta sexta-feira (5) a Pesquisa Painel do Poder pela qual instou os líderes do Congresso a dar nota de um a cinco para os principais integrantes do governo. Bolsonaro ganhou a nota média 2,5, e o vice Hamilton Mourão obteve 2,9.

O site revela que entre os ministros o maior destaque positivo é Tereza Cristina, da Agricultura, com 3,3. A pior avaliação é do ministro da Educação, Ricardo Vélez – 1,8. Isto é, um governo com baixa avaliação e sem muito poder de articulação no Congresso.

A pesquisa também revelou as chances de aprovação de alguns pontos da proposta de reforma da previdência na avaliação dos líderes por meio de notas.

O pagamento de valor menor que um salário mínimo do Benefício de Prestação Continuada (BPC) para idosos e deficiente pobres recebeu apenas 1,7 de nota; a troca de regime de repartição pelo de capitalização 1,8; e a equiparação da aposentadoria entre homens e mulheres 1,9%.

O aumento de 15 para 20 anos nas aposentadorias dos trabalhadores rurais também recebeu a nota de 2,3, ou seja, pouca chance de prosperar.

Em um café da manhã com jornalistas, Bolsonaro reconheceu essas dificuldades, sobretudo no regime de capitalização no qual o brasileiro terá que fazer uma poupança individual a fim de conseguir sua aposentadoria.

"Se introduzir agora, vai complicar (…) Deixa para um segundo tempo, para um segundo turno. Se lá acharem que tem uma reação grande, tira a proposta", recuou Bolsonaro.