Uruguai demite ministro e generais coniventes com crime na ditadura

O presidente do Uruguai, Tabaré Vázquez, demitiu, nesta segunda-feira (1), seu ministro da Defesa, Jorge Menéndez, e mais seis generais da cúpula militar do país, acusados de terem se omitido diante da confissão de um ex-oficial sobre crimes cometidos durante a ditadura militar.

Tabaré Vázquez - Divulgação

A omissão veio à tona neste fim de semana, relevada pelo jornal uruguaio El Observador. Segundo o diário, o ex-militar José Nino Gavazzo confessou ao Tribunal de Honra do Exército ter jogado em um rio, em 1973, o corpo do guerrilheiro Roberto Gomensoro. O ativista é considerado o primeiro desaparecido político da ditadura uruguaia, que se estendeu de 1973 a 1985.

A confissão, feita no ano passado, foi omitida pelos militares, e o tribunal do exército concluiu que os atos de Gavazzo “não representavam uma afronta à honra”. A decisão foi homologada na ocasião pelo presidente que não tinha conhecimento da confissão.

Foram demitidos e aposentados compulsoriamente o chefe do Exército General José González e o chefe do Estado-Maior da Defesa, General Alfredo Erramún. Além disso, o presidente uruguaio solicitou ao senado autorização para aposentar compulsoriamente os generais Cláudio Romano, Carlos Sequeira, Alejandro Salaberry e Gustavo Fajardo, integrantes do Tribunal de Honra para Oficiais Superiores que omitiu a confissão do criminoso da ditadura uruguaia.

No dia 12 de março, Tabaré Vázquez já havia demitido o antigo comandante-chefe do Exército, Guido Manini Ríos, por este haver criticado o julgamento de militares que cometeram crimes durante a ditadura.