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Elder Vieira: Conversa à beira do Amazonas 

O Prosa, Poesia e Arte publica a seguir a crônica “Conversa à beira do Amazonas”, de Elder Vieira, escritor, funcionário do Ministério da Cultura e membro da direção estadual do PCdoB-SP. Colaborador frequente desta seção, Elder escreveu, entre outros textos, o artigo “Os cem anos da poderosa poesia de Cecília Meireles”. Confira sua crônica.

Rio Amazonas
Conversa à beira do Amazonas

Por Elder Vieira

– Foguetório bonito, hein? Muito bonito… Não demora nada, comemora um século inteiro!

– (…).

E aí, como vai a vida? Tem tempo que não te vejo.

– (…)…

– Bão, isso parece que todo mundo tá sentindo, né mesmo?

– (…).

– É, não é fácil não. Mas, olhe, não é bom se desesperar. Desesperança dá úlcera. É verdade! Porque a gente fica achando que o mundo acaba agora, e não acaba. Na verdade, não acaba é nunca.

– (…)!

– Ah, mas difícil é mesmo. Não fosse essa dificuldade toda, a gente já tava era tempo noutra situação. Agora, uma coisa eu digo: pra tudo, há jeito. Porque a vida ensina: ela mesma põe o problema, ela mesma dá a solução. Só que tem outra coisa: é preciso saber campear. E pra campear, é preciso ciência, arte no fazer e entender.

– (…).

– Não diga isso! Não, não diga. O povo é sábio.

– (…)?!

– É, sim senhor.

– (…)?

– Porque aprende todo dia. Ele vai caminhando, caminhando e aprendendo o caminho. Uma hora, quando a gente dá fé, zás, olha a mesa virando. Do alto desta nuvem em que me encontro, vejo.

– (…)?

– Vejo. Já via inhantes. A diferença é que, agora, tenho toda a eternidade.