Gaúchos realizam amplo ato de apoio ao povo venezuelano

Na noite desta terça-feira (5), mais de 150 lideranças políticas e sociais lotaram a Sala Adão Pretto, da Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul, em concorrido ato “Pela Paz, contra a Guerra, pela Autodeterminação do Povo Venezuelano”, promovido pelo Comitê Gaúcho de Solidariedade ao Povo Venezuelano e amplamente convocado.

Ato Venezuela Porto Alegre - Foto: Cebrapaz

O ato contou com a presença de representações políticas do PT, PCdoB, PSOL, PPL, PCB, Causa Operária, Polo Comunista Luiz Carlos Prestes, A Marighella e importantes entidades sociais, como a CUT, CTB, Intersindical, CGTB, Conlutas, Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Confederação Nacional das Associações de Moradores (Conam), Central dos Movimentos Populares (CMP), União Brasileira de Mulheres (UBM), Marcha Mundial das Mulheres, Associação de Juízes pela Democracia (AJD), Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz (Cebrapaz), Associação Cultural José Martí (ACJM), Fundação Maurício Grabois (FMG), Associação Riograndense de Imprensa (ARI), Sindicato dos Municipários de Porto Alegre (Simpa), Sindicato dos Servidores Federais do RS (SINDSERF), União da Juventude Comunista (UJC) e Levante Popular da Juventude. Presentes, também, estiveram a deputada Sofia Cavedon (PT) e os ex-deputados Raul Pont (PT), Jussara Cony (PCdoB), Tarcísio Zimmerman (PT), Raul Carrion (PCdoB) e Selvino Heck (PT). O núcleo do Cebrapaz no Rio Grande do Sul foi representado por seu diretor, Diego Pautasso.

O ato foi precedido pela apresentação musical do Conjunto Unamérica. Após a abertura, com uma manifestação dos partidos presentes, o Professor de Relações Internacionais Ricardo Leães proferiu uma palestra e, em seguida, o Manifesto “Pela Paz, Contra a Guerra, pela Autodeterminação do Povo Venezuelano”, foi lido e aprovado. O texto foi proposto pelo Comitê Gaúcho em Solidariedade ao Povo Venezuelano. Seguiram-se, então, as intervenções das demais representações presentes.

Leia o manifesto a seguir.

Pela Paz, Contra a Guerra, pela Autodeterminação do Povo Venezuelano

Os povos de todo o mundo assistem indignados as ações dos Estados Unidos e seus aliados – OTAN, OEA e Pacto de Lima – contra o povo da Venezuela. Desrespeitando a ONU e todo o Direito Internacional realizam uma escalada diplomática, econômica, midiática e militar contra aquele país Sul-americano. Interferem em seus assuntos internos, instigam a guerra civil e ameaçam até uma intervenção militar.

Derrubando o preço internacional do petróleo impuseram uma guerra econômica roubando bilhões de dólares de suas reservas internacionais retendo os pagamentos de suas vendas de petróleo. Bloquearam suas operações financeiras e o fornecimento de produtos essenciais, inclusive alimentos e medicamentos. Mergulharam o País em uma grave crise sacrificando o seu povo e acusando o governo venezuelano de ser o responsável.

Está claro: o que move esta agressão é unicamente o interesse em controlar as maiores reservas petrolíferas do planeta, localizadas naquele País, o aspecto humanitário é apenas desculpa. A questão se agrava com o apoio da China e da Rússia à Venezuela e a advertência feita aos EUA para cessarem a intervenção. Deixando clara a possibilidade de uma guerra de grandes proporções, trazendo o caos ao nosso continente.

O atual governo brasileiro, servil aos EUA e sua política agressiva, endossou essas ações arriscando envolver nosso país num conflito internacional. A Constituição do Brasil determina em seu artigo 4º o respeito à “autodeterminação dos povos”, a “não intervenção”, a “defesa da paz” e a “solução pacífica dos conflitos”. Justamente o contrário do que está acontecendo.

A legitimidade do atual governo venezuelano é baseada em processos eleitorais. As últimas eleições foram antecipadas para 20 de maio de 2018 a pedido da oposição. Dela participaram 16 dos 19 partidos daquele País. Inscreveram-se seis candidatos, sendo que dois deles desistiram durante o processo eleitoral. Nicolás Maduro obteve 67,84% e os outros 20,93% ,10,82% e 0,39% do total de votos. Acompanharam as eleições 150 observadores internacionais entre eles 14 comissões eleitorais de oito países, duas missões técnicas e 18 jornalistas de diferentes países. Todos atestaram a correção do pleito.

Desde 2013, Maduro fez 338 chamados ao diálogo e à paz e somente em 2017 fez 269 convites visando estabelecer um acordo mínimo de convivência. No início de 2018, na República Dominicana, tendo como mediador o ex-presidente espanhol José Zapatero, foi realizado um encontro buscando uma saída para a crise Já disse estar disposto participar de um encontro em Montevidéu, considerado uma “boa iniciativa”, de um grupo de contato internacional, integrado por países da União Européia, do México e Uruguai, que iniciará no próximo dia 7 de fevereiro.

Agora os EUA e seus aliados, desrespeitando a autodeterminação do povo venezuelano, reconheceram um fantoche que se auto-proclamou “presidente” do país. Não podemos aceitar que os EUA e seus aliados imponham aos outros países governantes de seu interesse, em desrespeito a todas as normas do Direito Internacional.

Por isso, em ato realizado em 5 de fevereiro de 2019, na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, Brasil, com a participação de diversos partidos, personalidades políticas, movimentos sociais entidades sindicais e estudantis aprovamos este Manifesto pela Paz, contra a guerra e pela autodeterminação do povo venezuelano.

Comitê Gaúcho em Solidariedade ao Povo Venezuelano