Líderes apostam na resistência diante de um Congresso mais conservador

Com um perfil mais conservador em relação a legislatura anterior e com redução de bancadas importantes como a sindical, o novo Congresso Nacional toma posse nesta sexta-feira (1º) sob a perspectiva de aprofundar ainda mais os ataques aos direitos dos trabalhadores. Em entrevistas ao Vermelho, líderes da oposição e analista apostam num período de resistência tanto no parlamento quanto nos movimentos sociais.

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"A oposição precisa estar preparada para um período de resistência, que deve se dar no parlamento, nos movimentos sociais, na academia e em outros setores. No Congresso, precisamos lutar contra os retrocessos e ataques a direitos como a Reforma da Previdência, mas também propor uma agenda alternativa, que vise debater saídas para os dilemas do país, a retomada do crescimento e geração de empregos", diz o líder do PCdoB na Câmara, Orlando Silva (SP).

Na avaliação do analista político e diretor do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) Antônio Augusto de Queiroz o Governo Bolsonaro e seus aliados, na Câmara e no Senado, vão atacar ainda mais os direitos dos trabalhadores como foi feito no governo anterior com a Reforma Trabalhista e o Teto dos Gastos.

“As primeiras medidas como dificultar o acesso ao auxílio-reclusão e a Reforma da Previdência apontam nessa direção”, diz. O diretor do Diap explicou que essa nova realidade vai exigir do movimento popular e sindical “um grande poder de mobilização para enfrentar uma agenda de mercado em detrimento aos direitos dos trabalhadores”.

O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), diz que naquela Casa a resistência começa na eleição de um presidente que garanta a independência do parlamento. “Não podemos permitir que o comando da Casa seja ocupado por alguém que faça do parlamento uma extensão do Palácio do Planalto. A nossa pauta é a do Brasil, não a do Executivo”, disse.

O senador defende que a oposição pressione por uma pauta mais de cunho econômico. Para ele, um país com 13 milhões de desempregados e 55 milhões de pobres não pode priorizar a pauta do desarmamento, redução da maioridade penal ou reforma da Previdência.

“Vamos oferecer toda nossa resistência a essa onda de retrocessos encarnada por Bolsonaro e lutar para que direitos e conquistas não sejam retirados”, acrescentou.

Segundo o levantamento “Novo Congresso Nacional em Números (2019-2023) do Diap, o Congresso Nacional sofreu a maior renovação desde 1990. Na Câmara, 269 parlamentares vão cumprir seu primeiro mandato. No Senado, a renovação chegou a 85% em relação às vagas em disputa.

No documento, consta que a esquerda manteve o número de parlamentares, o centro reduziu e a direita aumentou. Entre as bancadas informais os empresários, ruralistas e parentes mantiveram suas posições. As bancadas de mulheres, segurança e evangélica aumentaram.