De Olho no Mundo, por Ana Prestes

Um resumo diário das prinicpais notícias internacionais.

Venezuela

Bolsonaro fala hoje em Davos. Às 12h30 no horário de Brasília. Seu discurso ainda é uma incógnita. Vai ser o primeiro a se pronunciar na principal plenária do Fórum Econômico Mundial de 2019. A plenária será dirigida por Klaus Schwab, membro fundador e presidente executivo do FEM. O fórum vai de 22 a 25 de janeiro. Cerca de 3000 pessoas estão em Davos este ano, uma espécie de elite mundial concentrada em manter o capitalismo girando. Para dar ares de preocupação social, inserem no encontro temas como migrações, mudança climático, desenvolvimento sustentável e direitos humanos.

 
O tema oficial de Davos este ano é: “Globalização 4.0: moldando uma arquitetura global na era da 4ª Revolução Industrial” e será o pano de fundo das 350 sessões no decorrer do evento. O que se fala nos bastidores é que Davos 2019 “têm muitas crises e poucos líderes de peso”, o que pode ajudar na visibilidade do presidente brasileiro. Não estarão os representantes máximos dos EUA, Rússia, China, Índia, França e Reino Unido.
 
A Venezuela viveu um momento de instabilidade ontem com uma tentativa frustrada de levantamento de um dos quarteis da Guarda Nacional, localizado em San José de Cotiza, arredores de Caracas contra o governo Maduro. Os rebelados, aproximadamente 30, chegaram a retirar dois veículos militares de dentro do quartel, além de armamento (70 fuzis). Sua intenção era seguir com os veículos até Miraflores (palácio presidencial no centro de Caracas). Foram rendidos e presos por oficiais das forças armadas. Em vídeos, os rebelados diziam à população: “era isto que queriam, pois aqui estamos”, como incentivo para que a população fosse às ruas contra o governo. Rapidamente o presidente da assembleia, Juan Guaidó e que se diz presidente interino do país apoiou o levante e reafirmou a promessa de anistia total aos rebelados das forças armadas e policiais da Venezuela.
 
Amanhã, 23 de janeiro, são aguardadas manifestações de rua na Venezuela, tanto por parte de apoiadores de Maduro, como por opositores. O 23 de janeiro é uma data simbólica no país, pois nesta mesma data, em 1958, uma insurreição cívico-militar derrubou o ditador Marcos Pérez Jiménez. A derrubada foi precedida por uma grande greve geral e na noite do dia 22 a Marinha e a Guarda de Caracas se pronunciaram contra o presidente, fazendo com que esse fugisse para Santo Domingo na manhã do dia 23. Em 2019, tanto a oposição como o governo Maduro reivindicam a data como símbolo de suas aspirações.
 
Há um mês, 31 dias hoje, o governo Trump mantém o governo parcialmente paralisado nos EUA, por não assinar o orçamento de 2019. Sem a provisão dos 5,7 bilhões para o muro na fronteira com o México não tem orçamento, segundo Trump. Democratas seguem irredutíveis no parlamento sobre a não destinação de recursos para o muro. Cerca de 800 mil funcionários estão sem seus salários, diversos programas governamentais estão parados e a população mais vulnerável está sem receber subsídios e pensões. Já há sinais de impacto na economia e na própria popularidade de Trump.
 
89 pessoas morreram e 51 ficaram feridas em explosão de um oleoduto da Pemex (Petróleos Mexicanos) em Tlhuelilpan, estado de Hidalgo, no último final de semana. A explosão ocorreu durante uma tentativa de furto de combustível. Uma jornalista, Joselyn Sánchez, cujo vídeo do momento da explosão viralizou nas redes, conta que as pessoas furavam indiscriminadamente o duto e até se molhavam com o combustível.  
 
Há algumas semanas o novo presidente do México, López Obrador, lida com uma tentativa de impedir o furto clandestino de combustível dos dutos que atravessam o país e a situação tem gerado desabastecimento nos postos de distribuição. A imprensa já começa a culpar o governo de que as pessoas estão furtando por conta do desabastecimento gerado pelo plano de Obrador. O presidente ordenou o fechamento de seis dutos mais vulneráveis ao furto e regularmente assaltados. Parte do plano é fazer o traslado do combustível em caminhões tanque, o que tem atrasado muito o abastecimento dos postos.
 
Nos EUA, a senadora pela California, Kamala Harris, filha de imigrantes da Jamaica e da Índia se apresentou como postulante à vaga de candidata à presidência da República pelo Partido Democrata. A senadora tem sido uma das mais combativas no parlamento americano contra as políticas de Trump. Também são candidatas e candidato ao posto: as senadoras Elizabeth Warren e Kirsten Gillibrand e o ex-prefeito de San Antonio (California), Julián Castro.
 
O acordo entre o governo grego e o governo da Macedônia para a troca de nome do país para Macedônia do Norte tem causado protestos violentos na Grécia. A votação para ratificação do acordo deve ocorre ao longo desta semana no parlamento grego.
 
O enfrentamento entre Theresa May e Jeremy Corbyn nas sessões do parlamento britânico já são um show a parte do impasse do Brexit. Ontem houve mais um episódio de enfrentamento retórico. May demonstrou não ter um “plano B” e apenas apresentou remendos ao projeto anterior. O impasse sobre a fronteira entre as duas Irlandas segue forte. A primeira ministra disse que vai construir o novo acordo com os líderes europeus, que já se impacientam com a feira do Brexit no Reino Unido. Corbyn voltou a reafirmar que May deve tirar a possibilidade de um Brexit duro (sem acordo) da mesa e quanto à realização de um novo referendo ele parece ter desistido ao se juntar a outros trabalhistas na aposta de uma nova consulta à população como uma forma de derrotar May.
 
Enquanto Bolsonaro e Araújo estão em Davos, o presidente interino Gen. Mourão se reuniu ontem com o Embaixador da Alemanha no Brasil, Georg Witschel. O embaixador deu uma declaração à imprensa após o encontro, dizendo eu o governo Bolsonaro precisa explicar melhor à comunidade internacional sobre suas intenções quanto aos temas ambientais e dos direitos humanos. O embaixador mencionou uma cooperação na ordem de 6 bilhões de reais entre os dois países, parte dos quais são destinados ao Fundo Amazônia.
 
O chefe do Escritório Nacional de Estatísticas da China, Ning Jizhe, fez ontem (21) um pronunciamento sobre os resultados econômicos do país em 2018. De acordo com os dados, o PIB 2018 cresceu 6,6%, ritmo mais lento desde 1990. Jizhe se referiu à guerra comercial com os EUA como um dos fatores de impacto sobre o crescimento econômico, mas disse que a situação está sob controle.
 
O comando do ELN (exercito de libertação nacional) da Colômbia assumiu a responsabilidade pelo ataque à escola de oficiais da polícia de Bogotá ocorrido na semana passada e o classificaram como “lícita dentro do direito de guerra, não houve vitima não combatente”. Em nota se referiram aos bombardeios a seus acampamentos e que tem insistido em pactuar com o governo um cessar fogo bilateral para gerar um clima favorável aos esforços pela paz. Terminam dizendo: “presidente Duque, queremos reiterar que o caminho da guerra não é o futuro da Colombia, é a paz, por isso lhe recordamos que o melhor para o país é que envie sua delegação à mesa de diálogos, para dar continuidade ao Processo de Paz e a construção de acordos que iniciamos no Governo anterior”.
 
O FMI anunciou uma previsão de arrefecimento da economia global para 3,5% e de uma expansão da economia brasileira de 2,5% em 2019.