Cordel da Ordem do Aniversário da minha querida Belém

Por Jetro Cabano Fagundes*

Belém Pará

Belém, a Flor Guajarina Marajoara Cabana

Adonde Açaí, Bacaba
Reinam pros rumos de cá
Grande Chefe Guaimiaba
Guerreiro Tupinambá
Combateu exploradores
Portugueses invasores
Às margens do Guajará

Bem antes de mil seiscentos
Disque o ano dezesseis
Aqui tinha povoamentos
E afirmo para vocês:
Povos da localidade
Perderam a felicidade
Com a invasão de português

Onde há o Forte do Castelo
Eu ouvi de um Tenoné
Ao lado passava um belo
Estratégico igarapé
Ali Guaimiaba sumano
Primeiro Líder Cabano
Combateu com muita fé

Guaimiaba destemido
Na defesa pereceu
Porém tem sobrevivido
História não o esqueceu
O invasor Castelo Branco
Na verdade, pra ser franco
Na memória se perdeu

Santa Maria Serena
Belém, nosso arraial
É bucólica morena
Uma Flor monumental
Passou pela Cabanagem
Vendo bravura coragem
De guerreiro pessoal

Quem tanto inspira Viola
Minha sumana Belém
Paresque que carimbola
Como Flor do querer bem
Vendo o Peso da Poesia
Nos lidares noite e dia
Do povão, num vai e vem

Sumana menina bela
Eu ouvi do Acaizal:
Casa das Onze Janelas
Poeta Porto do Sal
Belém minha cidadela
Do Norte tu és sentinela
Da Amazônia o Portal

Terra das tacacazeiras
Camarão, goma, jambu
As mais belas cozinheiras
Aperparam o Caruru
Na cidade das Mangueiras
A Garça namoradeira
Encantou rei Urubu

Belém morena princesa
Rosa Flor do Grão Pará
É aquela eterna princesa
Que pra sempre inspirará
Verso, Prosa, Poesia
Na beleza da magia
Do Vento do Guajará

Guajarina parauara
Prazerosa de cantar
Onde há mais marajoaras
Que em qualquer outro lugar
Naquele tom da saudade
Pois é essa aproximidade
Que faz dor aliviar

A Marajoara princesa
Nos encantos compreendeu
Preservar a natureza
Para o bem do povo seu
E dizemos: salve, salve
O Bosque Rodrigues Alves
E o Emílio Goeldi Museu

Sem seus dois Jardins Botânicos
Companheiros dos Saraus
Seu povo entraria em pânico
Naquele infernoso caos
Os jardins que inspiram rima
Amenizam nosso clima
Cada um deles, uns três graus

Belém, menina faceira
Como é bom de passear
Sob Túneis de Mangueiras
Vistas por todo lugar
Cidade dos Periquitos
Respira lendas e mitos
Popular imaginar

Nossa Belém fascinante
Vai lembrar pra sempre, sim
Dos seus bravos comandantes
De Vinagre, de Angelim
Do seu Cônego Batista
Dos Campos Idealistas
Das afirmações enfim

Ah, Belém, bela sumana
Nem tanto por opinião
Minha Aldeia é Cabana
Vontade do teu povão
Mas a deixo ser chamada
Té porque és enluarada
De Amazônica Canção

Morada do Sol, da Lua
Tem Mangal, Igarapé
Rio se confunde com rua
MInha e tua, mururé
Sua gente, pelas vias
Faz a fé virar poesias
Nos dias de Nazaré

Foi na Cidade Cabana
Que História documentou
A origem Assembleiana
E daqui se propagou
Berg e Vingren evangelistas
Rumaram as bandas sulistas
Em nome do Deus Eu Sou

Viva Belém do Veropa
Maior Feira Popular
Um pedaço da Europa
Ver o Peso, Boulevard
Ver o Peso é ver seu povo
Vendo rio com olhar novo
Dum remanso a bailar

Viva a Flor da Cabanagem
Valentes irmãos, irmãs
Arraial do Pavulagem
Do Guamá ao Val-de-Cans
Viva essa Belém Cidade
Salve a musicalidade
Sumano Alcyr Guimarães

Se em Belém da Palestina
Jesus Cristo foi nascer
É na Cabana Menina
Que quero sempre viver
E se o Marajo deixasse
Eu quisera me achasse
Em Belém, quando morrer