Flávio Dino: Bolsonaro tem amor pela guerra

Em entrevista ao jornal Folha de São Paulo desta segunda-feira (07/01), o governador Flávio Dino (PCdoB) do Maranhão fez uma análise do quadro político nacional, dos desafios frente à mais uma gestão do estado e comentou a disposição para a “guerra” do governo Bolsonaro e como isso pode prejudicar o país. 

Flavio Dino

Sobre a economia e os impactos dela no maranhão, Dino destacou que “teremos um crescimento econômico baixo, mas a gente consegue atravessar 2019”.

Ele lembrou que a atual gestão conseguiu terminar o primeiro mandato com o salário dos servidores em dia e com as dívidas com os bancos sendo pagas normalmente.

“Temos algum atraso com fornecedores, mas nada alarmante. De qualquer forma, desde novembro estamos fazendo um ajuste nas despesas, com renegociação de contratos em várias áreas” ressaltou Flávio Dino e disse não esperar novos recursos federais.

“Não está na minha contabilidade. Se aparecer [o recurso], ótimo” afirmou Dino na entrevista.

Sobre o governo Bolsonaro, Flávio Dino mostrou preocupação com a disposição de Bolsonaro e seus ministros em criar conflitos, “como se fosse um amor pela guerra”.

Para o governador do Maranhão “isso é ruim, pode criar uma espiral negativa que contamina o ambiente político. Por exemplo, o presidente atendeu ao pedido do Ceará de envio Força Nacional, mas fez criando conflito. Criticou o governador [Camilo Santana, do PT], dizendo que ele é radical. Achei muito estranho, esquisito. Ele trata o envio da Força Nacional como se fosse um favor. Não é um favor, é um dever, uma obrigação. São os estados que mantêm a Força Nacional”.

Sobre as declarações de Bolsonaro de que vai combater o socialismo e o comunismo, Flávio lembrou que a Constituição garante o pluralismo político.

“Não cabe a nenhum ator político fazer expurgos e eliminar os diferentes. Fico em dúvida se o governo tem uma concepção ideológica de eliminar os adversários ou se isso é uma mera distração. Na ausência de uma agenda mais substantiva, com início, meio e fim, se recorre a esses expedientes como discutir cor de roupa ou demitir funcionário porque escreveu ‘Marielle vive’. O Brasil não está acostumado a ver isso em um governo. Espero que seja uma coisa de início e que depois ele mude” comentou o governador.

Sobre o futuro da esquerda, Dino ressaltou que a união é um valor necessário. “E temos que ir ao ponto substantivo: ter uma posição firme em defesa dos direitos dos mais pobres. Defender os direitos dos trabalhadores, índios, mulheres, crianças, todos que estão no alvo de políticas do novo governo. A gente não cair num desejo aparente de certas figuras do governo de ficar batendo boca pura e simplesmente”.

A íntegra da entrevista pode ser acessada no Blog do Renato Rabelo