Milhares protestam contra “reforma” trabalhista na Hungria 

Nova lei trabalhista apelidada pelos críticos de "lei do escravo". 

Hungria

A agência de notícias Reuters informa que milhares de pessoas marcharam pelo centro da cidade de Budapeste, neste sábado, para protestar contra uma nova lei que permite aos empregadores solicitarem aos funcionários até 400 horas extras de trabalho por ano. Grupos de oposição realizaram vários atos nas últimas semanas na capital húngara e em outras cidades do país contra o que disseram ser um governo autoritário do primeiro-ministro nacionalista conservador Viktor Orban.

A manifestação deste sábado, organizada por partidos da oposição, sindicatos e grupos cívicos, teve como alvo principal a nova lei trabalhista apelidada pelos críticos de "lei do escravo". Os manifestantes marcharam sob neve por um trajeto da histórica Praça dos Heróis até o prédio do Parlamento, às margens do rio Danúbio, carregando cartazes. "Nós discordamos de quase tudo o que está acontecendo desde que esse governo chegou ao poder (em 2010), da corrupção à pseudo-democracia", disse a dona de casa de 50 anos Eva Demeter, segundo a Reuters. Ela disse que mais húngaros estavam saindo às ruas porque a "'lei do escravo" afeta uma multidão maior". Alguns dos manifestantes postaram nas redes sociais e carregaram cartazes pedindo uma "greve nacional".

A modificação do código trabalhista aprovada pelo Parlamento no mês passado enfrentou críticas intensas e provocou o maior protesto de rua em mais de um ano. Potencialmente, a lei poderia adicionar duas horas extras a um dia de trabalho médio, ou o equivalente a um dia útil extra por semana. Zoltan Mucsi, diretor do sindicato Vasas, disse que é antidemocrático que o governo não discuta as mudanças no código trabalhista com os sindicatos.

Alguns dos principais grupos sindicais podem recorrer a uma greve se o governo não se sentar com eles para negociar, disse ele à Reuters. As passeatas contra o governo das últimas semanas também foram contra uma lei que cria novos tribunais que, segundo críticos, podem ser politicamente manipulados e contra preconceitos na mídia controlada pelo Estado. Os protestos anteriores foram em grande parte pacíficos, embora haja registros de alguns confrontos com a polícia, que usou gás lacrimogêneo.