A direita pira quando vê mulheres jovens dançando e se divertindo

Grupos de direita dos Estados Unidos tentaram macular a imagem da deputada Ocasio-Cortez divulgando um vídeo gravado há 8 anos que mostra a jovem parlamentar de origem porto-riquenha dançando junto com colegas da universidade. O vídeo acabou viralizando mas não como algo negativo, e sim para engrandecer ainda mais a imagem de Cortez. No Brasil, a direita tentou fazer algo parecido com Manuela D'Ávila, mas também aqui o tiro saiu pela culatra.

mulheres dançando

Matéria do jornal El País, assinada por Pablo Guimón, registra que a expressão “tiro pela culatra” tem, a partir de agora, um novo paradigma: "o vídeo da congressista democrata Alexandria Ocasio-Cortez dançando na cobertura de um edifício, divulgado nas redes sociais por seus adversários numa tentativa de destacar sua suposta frivolidade, e que virou um fenômeno viral que só fez aumentar a lenda da nova-iorquina de origem porto-riquenha, que se tornou na quinta-feira a mais jovem deputada a ingressar no Capitólio em toda a história norte-americana."

“Aqui está a comunista sabe-tudo favorita da América agindo como a idiota inútil que ela é”, tuitou alguém sob o pseudônimo de AnonymousQ1776, junto com um vídeo que identificou como sendo da época em que Ocasio-Cortez era estudante secundarista. O vídeo foi compartilhado em seguida por outros perfis direitistas.

O clipe de 30 segundos, que já foi visto mais de nove milhões de vezes, foi tirado de uma gravação de pouco mais de quatro minutos publicada há oito anos no YouTube. O original foi gravado na Universidade de Boston, onde Ocasio-Cortez se graduou em Economia e Relações Internacionais. A hoje congressista dança com outros estudantes, imitando cenas de filmes populares dos anos oitenta, ao ritmo da canção Lisztomania, da banda indie francesa Phoenix. Na gravação divulgada, numa tentativa retumbantemente fracassada de atacá-la, a música original foi substituída por uma percussão tribal.

O vídeo dos estudantes da universidade de Boston é uma versão de um meme viralizado em 2009, batizado originalmente como Lisztomania Brat Pack Mash Up, que combina a canção do Phoenix com cenas de filmes de adolescentes protagonizadas pela geração de atores (Rob Lowe, Demi Moore, Antonio Estévez…) conhecidos como The Brat Pack. Fazer versões desse vídeo era em uma tendência digital em 2010.

Os elogios à deputada, e as zombarias contra quem tentou prejudicá-la por dançar em seus anos de universidade, não tardaram a inundar as redes sociais. “ÚLTIMA HORA: vídeo extremamente nocivo recém-divulgado e é… Esperem, é só Alexandria Ocasio-Cortez dançando”, tuitou um usuário. “Já está acabada. Um vídeo recém-divulgado revela que quando Ocasio-Cortez estava na universidade ela era… adorável”, tuitou outro.

Ocasio-Cortez, que ganhou sua cadeira parlamentar em novembro por um distrito de Nova York depois de obter a indicação pelo Partido Democrata vencendo o veterano Joe Crowley, tornou-se o rosto de um novo movimento de jovens esquerdistas que se mobilizaram por todo o país nas últimas eleições legislativas, contribuindo para que os democratas recuperassem o controle da Câmara Baixa do Congresso.

A deputada, de 29 anos, costuma usar as redes sociais para se comunicar com seus eleitores. Por volta de 12h (hora de Washington), Ocasio-Cortez entrou no jogo: "Ouço dizer que o Partido Republicano considera que as mulheres dançando são escandalosas. Esperem que descubram que as congressistas também dançam. Que tenham todos um grande fim de semana", tuitou, junto a um vídeo dela dançando na porta de seu recém-inaugurado gabinete no Capitólio.

Manuela D'Ávila também sambou na cara dos direitistas

No Brasil, um caso semelhante ocorreu com a deputada estadual Manuela D'Ávila (PCdoB-RS), que foi candidata a vice-presidente na chapa de Fernando Haddad (PT) e um dos destaques da campanha presidencial.

Ativistas de direita passaram a divulgar um vídeo no qual uma garota muito parecida com Manuela vira-se para o cinegrafista e dança alegremente na rua, ao som de The Less I Know The Better, da banda australiana Tame Impala. As mensagens debochadas de direitistas nas redes sociais argumentavam que o vídeo (que eles afirmavam ser Manuela) era uma prova de que a deputada seria "imatura demais" para ocupar o posto de vice-presidente, outros sugeriram que ela estaria sob efeitos de drogas.

Mas Manuela não passou recibo. Em uma postagem no Twitter esclareceu que não era ela no vídeo, mas que adoraria saber dançar daquela forma. Em seguida, elogiou o desprendimento e a alegria da jovem dançarina Gaben Rocha. A partir daí, o vídeo passou a ser divulgado pela militância de esquerda como uma demonstração da presença de espírito e do carisma da deputada, esvaziando e neutralizando o deboche dos direitistas incomodados com mulheres que dançam e se divertem.

 

Da redação, Cláudio Gonzalez, com El País