Discurso de Ernesto Araújo vira piada no Itamaraty 

Episódio foi comparado a uma cena de filme de terror.  

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Segundo o jornal Valor Econômico, o discurso de posse do chanceler Ernesto Araújo deixou a diplomacia perplexa. A publicação compara o episódio com  uma das cenas emblemáticas de "O Iluminado", obra-prima do cineasta Stanley Kubrick, que mostra uma onda de sangue jorrando do elevador e atingindo as paredes em um corredor do Hotel Overlook.

Atônitos com o discurso de posse do ministro, diplomatas fazem referência à imagem do filme de suspense para deslizar uma piada toda vez que passam em frente ao gabinete do novo chanceler. Olham-se uns aos outros, em tom de cumplicidade, e apontam o elevador privativo ou a parede para emendar sutilmente: "Cuidado para não encostar e sujar a roupa de sangue".

Segundo Valor Econômico, diplomatas mais experientes do Itamaraty passaram as horas seguintes ao discurso fazendo críticas. "O primeiro discurso de um chanceler é para lançar as linhas-mestras da política externa, falar sobre o nosso entorno sul-americano, propor pontes com o resto do mundo", afirma, reservadamente, um chefe de representação brasileira no exterior e que já chefiou diversas embaixadas. "É um discurso escutado com atenção pela comunidade diplomática lotada em Brasília, que transmite essa mensagem às suas capitais. Agora, imagina o embaixador do Japão tendo que relatar esse discurso a Tóquio."

A reação dos estrangeiros foi na mesma linha, prossegue o jornal. Aos comentários jocosos de que diplomatas brasileiros pediriam exoneração do Itamaraty e asilo em seu país, um embaixador europeu apenas sorriu. "Make a reservation (faça uma reserva", brincou, dizendo que serão muitos pedidos. Outro ironizou: "Fiquem tranquilos que o presidente Bolsonaro certamente vai conter o radicalismo dele.

Brincadeiras, piadas e ironias à parte, finaliza o Valor Econômico, a crítica girou em torno do fato de que não houve diretrizes em sua mensagem inicial. Qual será a postura do Itamaraty sobre o Mercosul? O Brasil continuará fazendo parte do G-4 com Índia, Japão e Alemanha para ampliar o conselho de segurança das Nações Unidas? Há planos para a África e para a Ásia? Temos alguma posição sobre a reforma da Organização Mundial do Comércio (OMC) ou do Fundo Monetário Internacional? Nada foi tratado.