Lá se foi Maria Isaura Pereira de Queiroz, a estudiosa do sertanejo

Maria Isaura Pereira de Queiroz, autora de clássicos sobre o caipira e o sertanejo, despede-se da vida.

Por José Carlos Ruy*

Maria Isaura

Ela tinha cem anos, que completou em 26 de Agosto de 2018, e deixou a vida no último sábado (29). Aluna – e herdeira intelectual – de Roger Bastide que, em 1938, inaugurou os estudos sociais na USP, onde foi professora (além de ter lecionado em várias instituições francesas), Maria Isaura Pereira de Queiróz foi pioneira no estudo do campesinato brasileiro, suas crenças e lutas. Seus temas foram o sertanejo e o caipira, a religião do povo, o coronelismo, os movimentos messiânicos e o cangaço.

Foi autora de alguns clássicos, entre eles A Guerra Santa no Brasil: o movimento messiânico no Contestado (1957), O messianismo no Brasil e no Mundo (1965) e Cultura, sociedade rural e sociedade urbana no Brasil (1978). Sob a legenda “mandonismo local”, renovou o estudo do coronelismo em obras como “O mandonismo local na vida política brasileira” (1957) e “O coronelismo numa interpretação sociológica” (1975). Em “Os cangaceiros” (1977) renovou a história destes lutadores do sertão.

Quem perde com sua saída de cena não são apenas os estudiosos. São os brasileiros em geral, que perdem uma arguta comentarista de seu modo de ser. A historiografia e a sociologia foram enriquecidas por sua ação teórica e investigadora, às quais deixou o legado precioso de sua obra.