Com governos de centro-esquerda, Uruguai cresce há 15 anos 

O Uruguai cresceu 3,4% em 2018, quando em 2017 o índice foi de 3,1% e a previsão do FMI para 2019, ano eleitoral, é de 3,1%; além disso, a inflação não passa de 7,5%, e a taxa de desemprego, de 6,8%.

Uruguai

Enquanto Brasil e Argentina se afundam na crise, o Uruguai, dirigido desde 2005 pela Frente Ampla, de centro-esquerda, completa 15 anos de crescimento ininterrupto, um recorde histórico para essa pequena nação de 3,3 milhões de habitantes. O país não tem petróleo ou cobre, mas soube explorar outros recursos: soja, gado, turismo. Outra grande vantagem é que não houve por lá movimentos dedestabilizadores de direita, como se viu no Brasil — com a falsa bandeira de combate à corrupção —, na Argentina e na Venezuela.

O Uruguai nem sempre foi um remanso de paz. Vivia pendente do Brasil e da Argentina. Em Montevidéu se dizia que quando eles tossiam, o Uruguai pegava um resfriado. A última vez foi entre 1999 e 2002. A crise do corralito argentino acabou afundando o país: fuga de capitais, 40% da população em situação de pobreza, colapso do sistema financeiro, bancos resgatados.

Foi difícil sair, mas a lição foi aprendida: tanta dependência nunca mais. “Quando assumimos o governo, em 2005, o Uruguai era o segundo maior devedor do mundo em termos relativos. Um dos nossos primeiros problemas foi renegociar a dívida com o FMI, que não podíamos pagar. Naquele momento tínhamos uma exposição muito alta ao dinheiro argentino”, explica  o ministro da Economia, o veterano ex-presidente no gioverno de José Mujica (2010-2015) Danilo Astori, de 77 anos, em reportagem do jornal espanhol El País. “O tom de esquerda foi dado pelas transformações estruturais que implementamos”, diz Astori.

Ele afirma que a ordem macroeconômica é imprescindível. "Sem ela não há transformação alguma. Não conheço nenhuma experiência no mundo em que se tenha transformado a sociedade em meio à desordem. Deve haver consistência entre as políticas monetária, cambial, fiscal e de renda”, acrescenta. “Desde antes de assumirmos [em 2005] já nos reuníamos com o FMI para negociar novas condições, mas advertimos que não renunciaríamos a um plano de emergência para combater a pobreza”, lembra. “Estamos agora com 9% de pobreza e a miséria não é estatisticamente mensurável”.