Programa Água Doce, de 2004, levou dessalinizadores ao Nordeste

Equipamentos têm baixo custo e precisam ser priorizados, diz especialista.

Nordeste

O site UOL publica matéria, com informações do Ministério do Meio Ambiente, dizendo que uma das ações do presidente eleito Jair Bolsonaro em parceria com Israel para o Nordeste, os dessalinizadores não são novidade no sertão e existem em centenas de comunidades do semiárido. O professor de engenharia química da UFCG (Universidade Federal de Campina Grande), Kepler Borges França, coordenador do Laboratório de Referência em Dessalinização — que pesquisa o tema há mais de 25 anos — e disse que, ao longo de 30 anos, foram instalados de 3.500 a 4.000 dessalinizadores.

Ele explica que existem pesquisas brasileiras ao longo de anos que fazem o país dominar várias técnicas modernas de dessalinização. "Temos a dessalinização por processos térmicos, por energia solar, através de destilação, por compressão de vapor, de membrana que é a mais utilizada mundialmente — que vêm sendo utilizadas em comunidades. E também temos novos caminhos, como a membrana cerâmica, que nós da UFCG desenvolvemos", diz ele na matéria. "Precisamos melhorar, óbvio. Mas o que precisamos é de mais investimento do governo federal e de órgãos de fomento para incentivar cientistas a desenvolver tecnologias e deixar de comprar membranas dos gringos, porque isso deixa mais caro o sistema", afirma.

O professor elogia a atitude de Jair Bolsonaro pela ideia de parceria com Israel e afirma ver o futuro governo interessado em ampliar o acesso a água de qualidade para os sertanejos. Mas faz também uma sugestão. "Eu não vejo nada de errado do novo governo (em buscar acordo com Israel), inclusive acho extremamente salutar. Mas há uma necessidade de fazer um diagnóstico do que nós temos aqui, arrumar a casa. Tem estado com mais de mil dessalinizadores já instalados, imagina a manutenção deles como está. Mas o futuro ministro (Ricardo Salles) tem conhecimento de tudo isso, com certeza, e vai atuar nesse campo", afirma.

O UOL informa que em 2004 foi criado o programa “Água Doce”, com atuação do governo federal em parceria com os estados. A meta era implantar 1.200 equipamentos até o final deste ano. Segundo o Ministério do Meio Ambiente, que coordena o projeto, 924 desses dessalinizadores já foram contratados. Desses, há 575 em funcionamento, 147 em obras e 202 estão prestes a iniciar o processo de implantação.

A meta não foi totalmente cumprida porque "os convênios com os estados de Pernambuco, Minas Gerais e Maranhão encontram-se na fase de diagnóstico, para em seguida iniciar a execução". Segundo a Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos de Alagoas, cada sistema dessalinizador (a depender do tamanho da comunidade a ser abastecida), custa entre R$ 16 mil e R$ 28 mil. O valor é considerado baixo para o benefício humano.