Crivado de denúncias, Temer encerra governo de forma melancólica

Michel Temer chega ao fim de seu governo-tampão menor do que entrou; depois de praticar o golpe em 2016 contra uma presidente que ele próprio diz ser honesta, o vice decorativo se despede com o legado de pior presidente da história da república e com uma lista de investigações contra si

Michel Temer - Reuters

Michel Temer chega ao fim de seu governo-tampão menor do que entrou. Depois de praticar o golpe em contra uma presidente que ele próprio diz ser honesta, o vice decorativo se despede com o legado de pior presidente da história da república e com uma lista de investigações contra si. A apuração sobre o decreto dos portos que resultou na denúncia apresentada ao STF (Supremo Tribunal Federal) na quarta (19) encontrou indícios de outros cinco crimes envolvendo o emedebista.

Com isso, depois de deixar o Planalto, o emedebista deverá enfrentar na primeira instância da Justiça quatro investigações em fase avançada e mais cinco novos inquéritos.

Segundo o jornal Folha de S. Paulo, "as cinco novas suspeitas descritas pela procuradora-geral da República, Raquel Dodge, referentes a fatos de 2010 a 2015, não integraram a denúncia porque são anteriores ao atual mandato presidencial, iniciado em 2016. Caberá a um procurador que atua na primeira instância analisá-las para eventualmente oferecer novas denúncias."

Das 5 novas apurações, 3 têm a Argeplan Arquitetura e Engenharia como elemento principal. A PGR (Procuradoria-Geral da República) defende que a empresa, que aparece na denúncia por portos como intermediária de propina e que tem como um de seus sócios o coronel João Baptista Lima Filho, pertence a Temer.

A matéria ainda destaca que "Lima e Temer são amigos desde os anos 80. A Argeplan ganhou impulso naquela década com contratos de consultoria com a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo. À época, Temer era o titular da pasta. Um dos pedidos de abertura de inquérito envolve um contrato milionário da Eletronuclear para a construção da usina de Angra 3 que foi paralisado devido a suspeitas levantadas pela Lava Jato. O contrato, de R$ 162 milhões, foi firmado pela multinacional AF Consult, que subcontratou a AF Consult do Brasil, que por sua vez tem a Argeplan em seu quadro societário."

Mello Franco: o presidente mais detestado

Em sua coluna publicada nesta sexta-feira (21) no jornal O Globo, o jornalista Bernardo Mello Franco escreve sobre o fim lamentável de Michel Temer na presidência. E destaca o discurso feito pelo emedebista na última reunião ministerial, cheio de piadas, deboches e autoelogios.

"É melhor rir do que chorar, mas Temer não tem muitas razões para mostrar os dentes. Ele deixará o poder como o presidente mais detestado desde o fim da ditadura. Seu governo é reprovado por 85% dos brasileiros, informou o Ibope na semana passada", diz o colunista.
"Ele já havia garantido seu lugar na História ao se tornar o primeiro presidente a ser denunciado formalmente por corrupção no exercício do cargo. Agora bateu o próprio recorde: virou alvo da terceira denúncia da Procuradoria", completa Franco.

Pibinho

O último prego no caixão do desastroso governo Temer veio nesta quinta-feira (20) com o anúncio, pelo Banco Central, de que o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro, principal indicador da economia nacional, deve crescer míseros 1,3% em 2018, quando o esperado no início do ano era de pelo menos 3%. O dado consta no Relatório de Inflação divulgado nesta quinta-feira (28).

O relatório destaca que a economia segue operando com elevado nível de ociosidade “refletido nos baixos índices de utilização da capacidade da indústria e, principalmente, na taxa de desemprego”.

Fonte: Brasil 247 e agências