Diploma Mulher-Cidadã homenageia Marielle Franco

Parlamentares e familiares lembram luta de Marielle e cobram respostas sobre o crime.

As deputadas Jandira Feghali e Benedita da Silva com a mãe de Marielle, Marinete Silva - Pablo Valadares Agência Câmara

A vereadora Marielle Franco foi a grande homenageada na entrega do Diploma Mulher-Cidadã Carlota Pereira de Queirós 2018, na manhã desta quinta-feira (29), na Câmara dos Deputados. O prêmio reconhece mulheres que tenham contribuído para o pleno exercício da cidadania e para a defesa dos direitos da mulher e das questões de gênero no Brasil.

Assassinada em março deste ano, Marielle recebeu o diploma in memoriam. Socióloga, feminista e defensora dos direitos humanos, ela foi eleita vereadora na cidade do Rio de Janeiro em 2016, cargo que exerceu até ser morta.

Ao receber a homenagem em nome da filha, Marinete Silva, declarou que a vereadora tornou-se símbolo de uma classe política que fez a diferença. “Uma mulher de periferia, uma negra que veio da favela da Maré. Trabalhou cedo, casou cedo, foi mãe cedo demais. Liderou como ativista uma comissão de direitos humanos. É essa história que a gente vem contar e refletir o porquê de uma tragédia que aconteceu com a Marielle”, lamentou.

Marinete também cobrou o esclarecimento do crime já que ainda não se sabe quem matou Marielle. Em seu discurso, Jandira Feghali (PCdoB-RJ) lamentou a homenagem in memoriam à Marielle, em referência ao brutal assassinato da jovem vereadora, e reforçou a cobrança por esclarecimentos. “Fazer uma homenagem póstuma à uma jovem que sofreu um crime bárbaro nos faz desafiar as autoridades que até agora não nos deram uma resposta. É fundamental que se saiba quem foi, mas também a razão do crime”, disse.

Segundo Jandira, a força demonstrada pela mãe de Marielle engrandece a luta por respostas. “O desafio está dado. É um cenário difícil, sabemos que enfrentaremos um cenário mais difícil ainda, mas estamos desafiados a defender igualdade, liberdade e direitos. Temos de defender, particularmente, a Constituição, que completou 30 anos. Homenagear vocês que falam da arte, da magistratura, da violência, dos crimes políticos, é mostrar para nós que nosso desafio é imenso. Mas continuaremos defendendo os pilares da democracia”, afirmou.

Homenageadas

Alzira Soriano (1897-1963) também recebeu o Diploma Mulher-Cidadã Carlota Pereira de Queirós 2018 in memoriam. Ela foi a primeira prefeita eleita no Brasil e na América Latina. Tomou posse na prefeitura de Lajes (RN) em 1º de janeiro de 1929.

Em discurso enviado à sessão, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, chamou a atenção para a necessidade de as mulheres ocuparem mais espaço na política. “A composição desta Casa e do Senado Federal ainda não reflete o peso e a importância das mulheres na sociedade brasileira.” Nas últimas eleições, 77 mulheres conquistaram uma cadeira na Câmara dos Deputados, o que representa 15% das 513 vagas da Casa.

Ana Cristina Ferro Blasi – Foi juíza do Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina e responsável pela campanha “Mulheres na política, elas podem, o Brasil precisa”.

Renata Gil de Alcântara Videira – Juíza responsável pela organização do prêmio “Amaerj (Associação dos Magistrados do Estado do Rio de Janeiro) Patrícia Acioli de Direitos Humanos”, que já premiou diversas ações relativas aos direitos da mulher e questões de gênero.

Mônica Spada e Sousa – É diretora-executiva da Maurício de Sousa Produções, lançou o projeto “Donas da Rua” em 2016, em parceria com a ONU Mulheres, para estimular o empoderamento e a igualdade de oportunidades. É filha do cartunista Maurício de Sousa e inspiração para a uma de suas personagens mais famosas, a Mônica.

Carlota de Queirós

Carlota Pereira de Queirós (1892-1982), que dá nome ao prêmio, nasceu na cidade de São Paulo. Médica, escritora e pedagoga, foi a primeira mulher brasileira a votar e ser eleita deputada federal. Entre 1934 e 1935, participou dos trabalhos na Assembleia Nacional Constituinte.

Foi eleita para a Câmara dos Deputados pelo estado de São Paulo em 1934. Durante o mandato, dedicou-se a ações educacionais que contemplassem melhor o tratamento às mulheres e às crianças. Ocupou o cargo até 1937, quando Getúlio Vargas fechou o Congresso.

Para os parlamentares e convidados presentes à sessão solene de entrega do diploma, Carlota representa pioneirismo e deve ser lembrada hoje, quando as mulheres ainda lutam por direitos e igualdade em relação aos homens e também contra a violência de que são vítimas.

*Com informações da Agência Câmara