Educação meramente técnica é visão obscurantista, diz diretor do Sesc

O superministro de Jair Bolsonaro, Paulo Guedes, anunciou que pretende remanejar recursos destinados ao Sistema S de forma a não financiar mais atividades culturais, apenas a formação técnica de profissionais. Para o diretor regional do Sesc São Paulo, Danilo Santos Miranda, esta visão é “obscurantista” e será um “prejuízo incalculável para o país”.

Danilo Santos de Miranda - Divulgação/SIM

Em carta aberta, Miranda pede a intelectuais, artistas, formadores de opinião e parceiros do Sesc que se manifestem em defesa do Sistema, uma vez que a proposta do futuro governo ataca diretamente a instituição e prejudica o projeto consolidado há mais de 60 anos.

Para ele, qualquer pessoa que já tenha tido a oportunidade de visitar uma unidade do Sesc e conversar com os frequentadores tem noção da gravidade da proposta de Paulo Guedes. “Esse patrimônio não pode ser sacrificado no altar de prioridades transitórias, em nome das quais se engendra um prejuízo incalculável ao país. Tornar a Educação meramente técnica, burocrática e pragmática, dissociando-a do universo simbólico, subjetivo, crítico e criativo, cerne da Ação Cultural, é um evidente retrocesso, fruto de visão flagrantemente obscurantista”, diz o diretor.

“Certo de que compreenderão a gravidade dessa perspectiva, escrevo a vocês, formadores de opinião, representantes de classes, artistas, pensadores, amigos e parceiros do SESC para que se manifestem, pelos meios ao seu alcance, em prol da continuidade de nosso trabalho. Um projeto que, afinal, construímos juntos”, pede.

Na carta, Miranda explica como funcionaria a proposta. Segundo ele, a ideia é que parte da arrecadação das entidades do Sistema S seja remanejada para um novo Fundo, destinado apenas à formação técnica. “O fato, porém, é que as entidades do chamado Sistema S são em si resultado de Fundos já criados, lá nos anos 40, em parte, com a mesma finalidade”.

“O remanejamento dos recursos desses Fundos para outro novo Fundo, no entanto, implicará na restrição drástica da diversidade e do alcance da reconhecida ação do Sesc, em prejuízo da educação permanente promovida diariamente a seus milhares de frequentadores assíduos”, esclarece.

A medida proposta pelo futuro governo de Bolsonaro representa um imenso retrocesso e afetará diretamente a vida de todos os milhares de frequentadores do Sesc e suas famílias.