O que está em disputa nas eleições dos Estados Unidos

 Os norte-americanos vão às urnas nesta terça-feira (6) para eleger uma nova legislatura para a Câmara dos Representantes e o Senado, os dois órgãos legislativos que compõem o Congresso dos Estados Unidos.

Por Victor Schneider, do Poder 360

estados unidos eleição 2018 - Foto: Divulgação

Estão em jogo todas as 435 cadeiras da Câmara (House of Representatives) e 35 dos 100 assentos do Senado. Além disso, 36 dos 50 Estados elegem governadores e serão 155 plebiscitos e referendos locais pelo país.

As midterms elections (eleições de meio de mandato, na tradução literal) acontecem em anos pares, no intervalo entre os pleitos presidenciais, e servem como um termômetro –transmitem um importante recado popular sobre a aprovação do partido do presidente em exercício– em geral, negativo (veja o retrospecto desde 1962).

A consulta de temas de interesse popular através de plebiscitos e referendos é tradicional nas cédulas de votação norte-americanas. Neste ano, Dakota do Norte, Michigan, Missouri e Utah podem se juntar a outros 30 Estados que permitem o uso da maconha na forma medicinal ou recreativa. Se aprovadas, um entre cada quatro norte-americanos terá acesso ao comércio legalizado da erva.

Em busca de retomar o controle do Congresso depois de uma década de maioria republicana, o Partido Democrata mirou na oposição ao governo Trump.

O enfoque em decisões polêmicas –como a separação de famílias de imigrantes na fronteira e as audiências para a nomeação do juiz Brett Kavanaugh para a Suprema Corte– são a principal estratégia para motivar o eleitorado a sair de casa para votar, o que não é obrigatório nos EUA.

Por sua vez, os republicanos apoiam-se no bom desempenho dos indicadores econômicos e na figura do presidente Donald Trump, que viajou pelo país para apoiar campanhas do partido.

No entanto, há também o receio entre eleitores republicanos de que perder a maioria das Casas possa abrir caminho para a oposição instaurar um processo de impeachment contra Trump.

Atualmente, os republicanos contam com 240 assentos na Câmara contra 195 democratas. Para virar o jogo, o partido do ex-presidente Barack Obama precisa conquistar 26 assentos para ter a maioria de 218 cadeiras.

A Flórida e a Pensilvânia serão decisivos para os democratas conseguirem uma maioria. Ambos os Estados votaram em Trump em 2016, mas podem virar as costas para o partido do presidente.

No Senado, as chances de mudança são mais remotas. O Partido Republicano tem 51 de um total de 100 cadeiras. Apesar da maioria pequena, as 35 disputas favorecem a eleição de senadores do partido.

Além disso, a distribuição das cadeiras é diferente em relação à Câmara. Enquanto as disputas na câmara baixa consideram a população geral dos Estados para definir o número de representantes, no Senado todos os Estados têm direito a dois assentos.

A desproporção do peso da representação de Estados como a tradicionalmente democrata Califórnia, com 55 delegados no Colégio Eleitoral, e Wyoming, um Estado “vermelho” com apenas três delegados, costuma beneficiar os republicanos nas disputas do Senado.

Outro fator que favorece o partido de Donald Trump são os assentos em disputa: das 35 cadeiras em jogo, 26 serão defendidas por atuais senadores do Partido Democrata.

Uma das esperanças da oposição democrata está no 16º distrito do Texas, onde o candidato Beto O’Rourke tenta ganhar do atual senador Ted Cruz, um dos principais concorrentes à indicação dos republicanos para as eleições de 2016. Se vencer, O’Rourke será o 1º senador democrata a ser eleito no Estado desde 1994.

Caso perca o controle do Congresso, o Partido Republicano pode frustrar as intenções do presidente Trump, incluindo alterações na política de imigração, indicações para cargos no Judiciário e a liberação do orçamento para a construção do muro com o México.