Conselho Mundial da Paz e Federação da Juventude visitam a Síria

O Conselho Mundial da Paz (CMP) e a Federação Mundial da Juventude Democrática (FMJD) conduziram uma Missão Internacional de Solidariedade à Síria, entre 29 e 31/10. Delegados de 55 entidades de 37 países realizaram uma Conferência Internacional e foram recebidos por autoridades e representantes sindicais, estudantis e partidários, inclusive o presidente da Assembleia Popular Hammouda Sabbagh e o presidente da República, Bashar Al-Assad.

Conselho da paz Siria - Foto: Cebrapaz

Os anfitriões das atividades foram o Conselho Nacional do Movimento Sírio de Defensores da Paz e a União Nacional de Estudantes Sírios, membros do CMP e da FMJD, respectivamente. A missão de solidariedade é a segunda realizada em conjunto entre as organizações e há muito constava do plano de ações, pendente do momento oportuno.

O CMP aproveitou a ocasião para, também em gesto de solidariedade, realizar na capital síria a reunião do seu Comitê Executivo, onde 28 organizações-membro – inclusive o Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz (Cebrapaz), representado pelo presidente Antônio Barreto, a diretora executiva Moara Crivelente e a diretora do núcleo da Bahia, Maria Ivone Souza – reforçaram seu compromisso com o apoio às lutas dos povos por sua soberania nacional, pela libertação e a paz.

Durante a visita conjunta, os mais de 90 delegados do CMP e da FMJD foram recebidos pelo reitor da Universidade de Damasco Mohammad Maher Qanakibi, por ministros da Educação e do Turismo e pela liderança do Partido Árabe Socialista Baath, da União Nacional de Estudantes Sírios e da Federação Geral de Sindicatos, entre outros. Também deram declarações à mídia (à agência de notícias síria e TV Sana, à emissora Al-Mayadeen, à russa Tass, à latino-americana TeleSur e outras locais) e uma coletiva de imprensa em que a presidenta do CMP Socorro Gomes, o presidente da FMJD Iakovos Tofari, o secretário-executivo do CMP Iraklis Tsavdaridis e o secretário-geral da FMJD Laudert Lopez responderam perguntas e informaram sobre a missão.

Além disso, os delegados visitaram a cidade de Sednaya, nas montanhas ao norte de Damasco, e o Memorial do Soldado Desconhecido, na capital, onde prestaram homenagem aos combatentes e resistentes sírios.

Em 30/10, as entidades realizaram uma Conferência Internacional de Solidariedade ao Povo e à Juventude Síria na Universidade de Damasco, que contou com a participação de cerca de 400 estudantes sírios. Uma resolução conjunta de solidariedade reforçou o compromisso do CMP e da FMJD com o apoio à luta do povo sírio em defesa da soberania e em busca da paz.

Na conferência, a presidenta do CMP Socorro Gomes expressou a convicção de todos os membros da organização de que é iminente a vitória do povo sírio contra a ofensiva imperialista e os grupos terroristas que ela utiliza, e que o acúmulo de conquistas recentes é uma inspiração para todos os povos em luta contra a agressão estrangeira, a dominação e a ingerência.

Socorro Gomes, presidenta do Conselho Mundial da Paz, na Conferência Internacional Conferência Internacional de Solidariedade ao Povo e à Juventude Síria
As autoridades sírias afirmaram o compromisso do governo e do exército com a defesa da soberania nacional e a estabilização do país e reforçaram sua disposição por uma solução negociada e à reconciliação com a oposição, desde que tais esforços não sejam condicionados de forma a refletir a persistência da ingerência estrangeira nos assuntos domésticos da Síria. Este foi um dos pontos ressaltados pelo presidente Bashar Al-Assad em reunião com os delegados em 31/10, onde vários participantes tiveram oportunidade de fazer comentários e questões, respondidas com importantes informações pelo presidente. Leia aqui a matéria sobre o encontro.

davO chanceler Walid Muallem informou sobre as recentes iniciativas diplomáticas, como os Acordos de Astana e os diálogos de Istambul, reafirmando que a Síria não aceitará interferências e denunciando a permanência de tropas dos EUA e da Turquia no país à revelia da vontade do povo e do governo sírio. Muallem rechaçou também a campanha midiática para justificar a intervenção e buscar derrubar o governo legítimo de Bashar Al-Assad. O ministro respondeu a várias perguntas dos participantes e comentou sobre a relação do seu país com os países de cada um dos delegados que usaram a palavra.

Os representantes sindicais detalharam o estado da luta dos trabalhadores sírios e as medidas tomadas pelo governo para proteger aqueles cujos empregos foram afetados pela guerra contra o país, as sanções e a dificuldade de mobilidade devido à atuação dos grupos extremistas. Exemplos são o decreto para o perdão de dívidas por soldados feridos e mutilados, os subsídios para aqueles que perderam seus empregos e a tolerância às ausências dos funcionários públicos impedidos de alcançar seus postos de trabalho, entre outros. Também contaram casos exemplares da resistência dos trabalhadores, que acamparam em fábricas, em uma instância, por cinco anos, para evitar sua tomada por grupos armados ou terroristas.

Em diversos momentos, as delegações tiveram a oportunidade de afirmar seu apoio à luta do povo sírio, receber informações e observar a situação, para seguirem colaborando para desvendar os pretextos disseminados através da ampla desinformação sobre a crise no país.

As organizações têm denunciado que o objetivo das potências imperialistas, sobretudo dos EUA, mas também de aliados na OTAN e na região, como Israel, Turquia e as monarquias do Golfo, é promover a derrubada de um governo legítimo mesmo que para isso imponha o sofrimento generalizado à população.

A guerra na Síria já dura sete anos, com a participação de grupos terroristas e mercenários provenientes de mais de 80 países, enquanto as lideranças dos países patrocinadores e a mídia a seu serviço buscam justificar a intervenção com pretextos humanitários diante da crise inflamada por sua própria interferência. Milhares de sírios já foram mortos e cerca de 5,6 milhões buscaram refúgio em outros países desde 2011, segundo a agência da ONU para os refugiados, além dos 6,6 milhões forçados a se deslocar internamente em busca de segurança.

As autoridades sírias reafirmaram seu compromisso com a construção da paz e a reconciliação nacional soberana e justa, e comemoraram a possibilidade que o acúmulo de vitórias traz para o restabelecimento da normalidade. Entre elas estão o retorno de milhares de refugiados e a reconstrução da infraestrutura iniciados mesmo antes da vitória final, para garantir as condições essenciais de vida e segurança no país, exponencialmente acelerados.