Flávio Dino analisa cenário pós-eleitoral e rumos da esquerda no país

O governador reeleito do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), conversou com os jornalistas Josias de Souza e Leonardo Sakamoto, do Portal UOL na manhã desta terça-feira (30). A entrevista baseou-se numa análise do governador – reeleito no primeiro turno – sobre o papel da esquerda, a necessidade de sua renovação e os rumos dessa força política. 

Entrevista Flávio Dino

Segundo Flávio Dino, para definir o papel da esquerda e da oposição democrática no país é preciso ter mais clareza sobre o caminho que o governo do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) deverá tomar. “Não há nitidez de quais serão as principais medidas [do governo de Bolsonaro]”.

Porém, o governador acredita que o projeto que será aplicado pelo futuro governo deve ser o mesmo proposto em algumas ocasiões pelo próprio Bolsonaro e por seu vice, General Mourão, tais como de privatização das estatais e corte nos direitos dos trabalhadores e aposentados. “Nós sabemos que ele tem uma agenda de slogan contra minorias, direitos de um modo geral. Porém, não houve possibilidade por conta de a dinâmica da campanha presidencial não ter ocorrido nenhum debate criterioso, quanto a materialidade disso. Nós sabemos, genericamente, que teremos uma agenda de privatizações e de redução de serviços públicos”.

Na visão de Flávio Dino, com esse apontamento, “é determinante que o papel da oposição democrática e de esquerda seja da crítica, em relação a quem governa. Eu prevejo, infelizmente, mais um ano de recessão, e, portanto, de dificuldades econômicas dramáticas. Seja em nível federal, estados e municípios”.

Flavio Dino, coerente com a corajosa defesa que fez da democracia e do Estado Democrático de Direito durante a luta contra o golpe de Agosto 2016, demarcou posição claramente contra a agenda antidemocrática e antinacional e autoritária que Bolsonaro desfraldou na campanha.

Com a reforma política aprovada em 2017, para continuarem recebendo verba do fundo partidário e o tempo de propaganda gratuita no rádio e na TV os partidos teriam que obter, nas eleições para a Câmara dos Deputados, pelo menos 1,5% dos votos válidos. Entretanto, cerca de 14 partidos não conseguiram atingir esse número, entre eles, o PCdoB. Questionado sobre o caminho que o PCdoB deve seguir, Flávio Dino lembrou que a legenda chegou a 1,4% dos votos válidos, ficando bem próximo dos 1,5%.

“Provavelmente a solução legal será algum tipo de fusão partidária ou de incorporação. A curto prazo esse é o caminho legal para garantir o funcionamento da bancada. Na verdade, basta um partido, porque faltou 0,1, então nós estamos diante de várias opções que tem sido conduzida pela presidenta nacional do PCdoB, Luciana Santos, e muito provavelmente até o final do ano a gente vai ter a resposta de um partido”.

Na entrevista, o governador também falou sobre o desempenho da esquerda na sua região, o Nordeste do Brasil. Fernando Haddad (PT) teve ampla vitória nos nove estados da região (Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe). Para Dino, houve uma definição clara e madura da região sobre a visão do desenvolvimento do país quando governados por partidos de esquerda.

Indagado pelos jornalistas avaliou o papel político do PT e as perspectivas da esquerda em geral. 

Assista abaixo a íntegra da entrevista: