Renata Mielli: “Estamos diante de uma ameaça à liberdade de expressão”

A eleição de Jair Bolsonaro (PSL) inaugura no Brasil não apenas uma virada à extrema-direita, mas também um agravamento dos ataques aos veículos de comunicação e jornalistas. Só no período eleitoral, foram registrados 141 casos de agressões contra comunicadores, de acordo com a análise da coordenadora do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC) e secretária geral do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, Renata Mielli.

Bolsonaro - TÂNIA RÊGO EBC/REPRODUÇÃO

"A gente vem de um período crescente de violações, mas agora podemos passar por um processo de institucionalização dessa violência contra comunicadores, imprensa e a liberdade de expressão no Brasil", observa Renata.

A coordenadora do FNDC destacou a postura de Bolsonaro, que nessa segunda-feira (29) voltou a ameaçar veículos de comunicação falando na possibilidade de cortar a destinação de verbas de publicidade federal ao jornal Folha de S. Paulo.

O presidente eleito também defendeu a "extinção ou privatização" da emissora pública TV Brasil. Para Renata, tais declarações evidenciam os perigos que a imprensa pode enfrentar, com a possibilidade de se criar uma "autocensura" dentro da própria mídia, forçando-a a abandonar o mínimo de crítica ao governo de extrema-direita.

"É importante dizer que o desprezo do presidente eleito pelas instituições de mídia é muito grande", afirma a coordenadora do FNDC, comentando ainda a ideia do futuro governo de privilegiar a comunicação direta, por meio das redes sociais, para divulgar notícias sobre o mandato. "Um espaço totalmente privado, onde não haverá espaço para o contraditório e talvez nem conhecimento do que será divulgado", critica.