'Antipetismo não pode mergulhar o país nas trevas', diz Eleonora Lucena

Em artigo para a Folha de S.Paulo, onde foi editora-executiva de 2000 a 2010, a jornalista Eleonora de Lucena, do site Tutaméia, escreve sobre a ameaça representada por Bolsonaro. Sob o título de "Não adianta pedir desculpas daqui a 50 anos", numa referência ao pedido feito pela Globo e à própria Folha década depois de ter apoiado a ditadura militar de 196, ela afirma: "É tacape, é esgoto, é fuzil."

Eleonora de Lucena - SP Escola de Teatro

"Ninguém poderá dizer que não sabia. É ditadura, é tortura, é eliminação física de qualquer oposição, é entrega do país, é domínio estrangeiro, é reino do grande capital, é esmagamento do povo. É censura, é fim de direitos, é licença para sair matando", afirma a jornalista.

Para ela, é necessário a unidade de todos os democratas numa "trincheira contra Jair Bolsonaro".

"Todos. No passado, o país conseguiu fazer o comício das Diretas. Precisamos de um novo comício das Diretas. O antipetismo não pode servir de biombo para mergulhar o país nas trevas", enfatiza.

Eleonora reforça que vê com assombro intelectuais e empresários se aliarem à extrema direita, "ao que há de mais abjeto".

"Perderam a razão? Pensam que a vida seguirá da mesma forma no dia 29 de outubro caso o pior aconteça? Esperam estar livres da onda destrutiva que tomará conta do país? Imaginam que essa vaga será contida pelas ditas instituições –que estão esfarrapadas?", indaga.

A jornalista questiona a postura da grande mídia, inclusive da Folha, a qual foi editora. "A eles se submete a mídia brasileira, infelizmente. Aturdida pelo terremoto que os grandes cartéis norte-americanos promovem no seu mercado, embarcou numa cruzada antibrasileira e antipopular. Perdeu mercado, credibilidade, relevância. Neste momento, acovardada, alega isenção para esconder seu apoio envergonhado ao terror que se avizinha. Este jornal escreveu história na campanha das Diretas. (…) Agora, titubeia –para dizer o mínimo. A defesa da democracia, dos direitos humanos, da liberdade está no cerne do jornalismo."