'Bolsonaro está se cercando de uma milícia', afirma Haddad no Roda Viva

Em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, Fernando Haddad, candidato da Frente Democrática à Presidência da República, afirmou que o seu adversário, Jair Bolsonaro (PSL), demonstrou ao longo de sua trajetória e , principalmente durante a campanha eleitoral, que não tem "apreço pela democracia" e representa uma ameaça ao país.

Haddad Roda Viva - Reprodução

“Todo mundo que lutou por democracia sabe dos riscos que o Brasil está correndo”, disse Haddad. “Bolsonaro não tem cultura democrática, isso esta provado em centenas de vídeos… Meu adversário é uma pessoa que cultua a tortura", apontou, lembrando também das declarações do filho de Bolsonaro, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-RJ). "Ele (Jair Bolsonaro) é uma pessoa que está se cercando de uma milícia, inclusive os filhos dele", disparou.

A maior parte do programa foi dedicada as questões políticas com o adversário. E em raros momentos as perguntas foram direcionadas para tratar sobre o programa de governo.

Haddad defendeu uma reforma no sistema bancário para privilegiar os mais pobres e conter os juros. "O Banco Central vai ter que fazer, no meu governo, a reforma bancária. Não vai ser capturado por banco mais. Porque o Banco Central hoje, que falam que é independente, na verdade, do mercado, ele não tem independência nenhuma. Ele sempre foi capturado pelo interesse dos bancos. A gente queria dizer isso que, além de controlar a inflação, pela Selic, que é o instrumento que ele tem de controle da inflação, o Banco Central, no meu governo, terá a obrigação de apresentar ao país a reforma bancária que nunca apresentou", declarou.

Diferentemente de Jair Bolsonaro, que disse que já prepara um pacote de privatizações, o petista afirmou não ter "no radar" alguma empresa estatal para ser privatizada caso seja eleito.

"Não pretendo vender. Não tem nenhuma estatal no meu radar para ser vendida", afirmou ele, destacando que será possível "enxugar", "fundir algumas" e fazer "rearranjos" num eventual governo.

"O meu adversário [Jair Bolsonaro] é capaz de dizer que vai vender todas as estatais criadas pelo PT. Eu criei uma, que gerencia os 47 hospitais universitários. Hoje, os hospitais estão debaixo do guarda-chuva de uma empresa para fazer gestão empresarial, ganhando eficiência. Melhorou enormemente a questão dos hospitais universitários! Você vai vender a empresa dos hospitais universitários para quem? As universidades vão ter cenário de prática aonde? Vai alugar leito hospitalar para capacitar médicos? São ideias de quem desconhece completamente a máquina pública", lembrou o presidenciável.

Diesel e gás de cozinha

Haddad também defendeu a manutenção do subsídio concedido pelo governo desde maio para reduzir o preço do óleo diesel. Ele afirmou ainda que, se eleito, o governo dará subsídio para reduzir o preço do gás de cozinha.

"Não tem sentido você dar um subsídio de R$ 13 bilhões a 15 bilhões para o diesel e não dar de R$ 4 bilhões para o gás de cozinha, sendo que as famílias pobres estão fugindo do gás e indo para a lenha", afirmou.