Milhares foram às ruas do Brasil pela democracia e contra Bolsonaro

Depois da realização do grande ato #EleNão em 29 de setembro, centenas de milhares de pessoas voltaram a ocupar as ruas de diversas cidades do Brasil neste sábado (20), contra a candidatura de extrema direita de Jair Bolsonaro.

masp

As manifestações ocorreram nas principais capitais do país e em outras dezenas de cidades. Ao meio-dia, o candidato Fernando Haddad realizou um ato em Fortaleza (CE), que contou com a participação de mais de 50 mil pessoas.

Convocadas por uma grande diversidade de movimentos e coletivos populares, as manifestações contaram com muita música, faixas e cartazes em defesa da democracia, de direitos e contra o autoritarismo, a ditadura e Bolsonaro. O ato em Joinville (SC), onde participaram mais de 2 mil pessoas, contou com um escracho a uma das lojas Havan, que consta na reportagem da Folha de S. Paulo como uma das empresas que participou do esquema de Caixa 2 na campanha a favor da candidatura de Bolsonaro.

Na última atividade do sábado, já pela noite, Fernando Haddad participou de um ato em Teresina (PI), junto ao governador reeleito Wellington Dias (PT).

Confira como foram alguns dos principais atos realizados neste sábado (20).

Brasília

O ato "Mulheres pela verdade e pela justiça" reuniu mais de 10 mil pessoas, que se concentraram na Rodoviária do Plano Piloto, região central da cidade, e seguiram em marcha até a Funarte, nas proximidades do local. O protesto reuniu homens, mulheres e crianças contra o avanço da extrema direita, representada pela candidatura de Jair Bolsonaro (PSL), e em prol da eleição de Fernando Haddad (PT) e Manuela d'Ávila (PCdoB). O ato foi puxado por diferentes organizações de mulheres e também por parceiros, como o Levante Popular da Juventude. O Distrito Federal tem maioria conservadora, mas conta com grande resistência por parte de movimentos populares, sindicatos e outras entidades da sociedade civil organizada.

Belo Horizonte (MG)

A manifestação em apoio à candidatura de Fernando Haddad e Manuela d'Ávila lotou ruas do centro da capital mineira. A presença dos atores culturais foi marcante em ambas as ações, já que a cidade tem um histórico de luta política no carnaval. “Esse ato está sendo coordenado só por mulheres. São 42 blocos de carnaval da cidade unidos contra Bolsonaro”, disse Sonia Mara Maranho, representante da Frente Brasil Popular.

O ato, que foi organizado pelas mulheres da Frente Brasil Popular de Minas Gerais, os 42 blocos de carnaval e outras 16 organizações sociais, convidou as mulheres eleitas do campo democrático para saudar os manifestantes em luta. No palco, as deputadas estaduais eleitas Marília Campos (PT), Beatriz Cerqueira (PT) e Andrea de Jesus (PSOL) denunciaram a desinformação vigente nesta eleição e afirmaram que ainda há muitos votos a serem conquistados.

Belém (PA)

Cinco mil pessoas saíram da frente do Mercado de São Brás em caminhada pelas ruas de Belém, capital do Pará. Uma das principais palavras de ordem foi o #EleNão. “Daqui a alguns dias nós decidiremos se caminharemos para a barbárie ou a civilização. Nós queremos o Brasil com respeito, tolerância para diversidade e para liberdades. Não queremos que nosso povo mergulhe em tempos sombrios”, disse Carlos Bordalo, deputado estadual (PT-PA).

Neste sentido, o parlamentar, que integra a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Pará, disse que Fernando Haddad e Manuela D'Àvila não são mais candidaturas do PT, “são candidaturas da Frente Democrática, da Frente Ampla Brasileira”.

A mobilização também contou com a participação de diversos artistas, que tocaram clássicos da luta pela democracia no País, como o clássico de Geraldo Vandré, “Pra não dizer que não falei das flores”, interpretado pela cantora Alba Maria.

Curitiba (PR)

Muitas religiões estiveram representadas no Ato #Elenão em Curitiba (PR), reafirmando que os ideais cristãos são contrários a tudo o que Bolsonaro representa.

Tayane Itanelo, uma das organizadoras da mobilização “Mulheres contra Bolsonaro”, realizada no primeiro turno, é evangélica e retornou neste sábado (20), com o cartaz: “Se viesse hoje, Jesus seria torturado e morto pelos cristãos”.

Jaime Correa Pereira, da Frente Evangélica pelo Estado de Direito, também defendeu o voto em Haddad. “Bolsonaro defende a morte, sua frase ‘bandido bom é bandido morto’ é contrária aos ideais cristãos”. Por isso, “os evangélicos que tem consciência dessa contradição estão com Haddad”.Primeira mulher a ser eleita deputada federal no Paraná, Clair da Flora Martins esteve no ato em Curitiba e falou da necessidade de defender a democracia no país, lembrando os horrores que ela mesmo sofreu durante a ditadura militar: “Aqui em Curitiba participei de inúmeras manifestações contra a ditadura e pelas liberdades democráticas, e em função dessa luta toda fui presa e torturada lá no DOPS em São Paulo. Muitos companheiros morreram fruto da repressão e das torturas. Hoje estou participando dessa mobilização #EleNão e #HaddadSim porque nós não queremos que haja uma ditadura implantada no nosso país novamente. Temos que preservar os direitos democráticos existentes, a Constituição da República e continuar lutando para que tenhamos um país mais democrático e mais soberano”.

Pernambuco

No Recife, o ato “#HaddadSim: Mulheres pela Democracia” levou cerca de 50 mil pessoas às ruas. Organizado pela Frente Brasil Popular, o Fórum de Mulheres de Pernambuco e o Mulheres Unidas Contra Bolsonaro, a concentração iniciou na Praça do Derby. Às 15h, a manifestação seguiu pela Avenida Conde da Boa Vista e teve o encerramento na Praça da Independência.

O ato “Semiárido pela Democracia” teve a concentração na cidade Petrolina (PE) onde caravanas de diversas regiões do Semiárido foram recebidas com apresentações culturais. Já no fim da tarde a manifestação com cerca de 30 mil pessoas seguiu para Juazeiro (BA), onde o encerramento foi feito com a representação de movimentos populares da Via Campesina, CONTAG e ASA, além de parlamentares eleitos no primeiro turno.


Porto Alegre (RS)

Cerca de 10 mil pessoas se reuniram na frente do Monumento ao Expedicionário no Parque da Redenção. O ato da resistência das mulheres iniciou às 15 horas e foi encerrado às 18 com uma caminhada de um quilômetro até o Largo Zumbi dos Palmares, na Cidade Baixa. Cerca de 20 oradoras falaram antes da candidata a vice-presidenta Manuela d'Ávila.

Após denunciar o escândalo do Caixa 2 da campanha de Bolsonaro, Manuela concluiu destacando o histórico de luta da capital gaúcha: “Porto Alegre que é também a terra de Brizola, a terra que, antes de Olivio [Dutra] e o Fórum Social Mundial, lutou pela legalidade diante de uma ditadura que se instalava, não pode imaginar nada diferente de suas filhas e filhos, senão a luta, a luta pela democracia, liberdade, igualdade e pela justiça”.

Rio de Janeiro

Centenas de pessoas se concentraram na Cinelândia, no centro do Rio de Janeiro. Por volta das 15h, os manifestantes saíram em marcha em direção à Lapa, levando faixas e cartazes com mensagens contra a candidatura de Jair Bolsonaro (PSL).

No trajeto, não faltaram palavras de ordem em defesa da democracia e homenagens à vereadora Marielle Franco (PSOL), que foi brutalmente assassinada em março deste ano, um crime que continua impune.

Luana Carvalho, da direção nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), explicou que o ato simboliza um projeto de sociedade que hoje é representado pela candidatura de Fernando Haddad (PT). "A gente precisa lutar e virar esse jogo, é Bolsonaro não, mas Haddad Sim!", disse. O presidente da CUT-RJ, Marcelo Rodrigues, concorda e acrescenta que é preciso “virar o voto, senão será o fim da classe trabalhadora”. Em Niterói (RJ), centenas de pessoas se manifestaram na orla da Praia de Icaraí. Em faixas e palavras de ordem, o alerta foi um só: "ditadura nunca mais".

No início da noite, o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Levante Popular da Juventude e Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), abriram uma faixa sobre os Arcos da Lapa “Haddad 13 Presidente”.

São Paulo

A pluralidade e diversidade protagonizaram o ato contra Bolsonaro, na Avenida Paulista, neste sábado, que reuniu 50 mil pessoas. Famílias, mulheres, LGBTs, movimento negro, imigrantes, autonomistas e os mais diversos movimentos e militantes ocuparam o Masp e a avenida Paulista num grande ato pela democracia.

O dirigente do MTST e candidato à Presidência da República do PSol, Guilherme Boulos, que após o primeiro turno foi o primeiro a declarar apoio à chapa Haddad/Manuela, em defesa da democracia. “O que tá em jogo é a democracia contra a ditadura. Ficar ao lado do Haddad nesse segundo turno é estar a favor da democracia, dos direitos sociais. Não são apenas duas candidaturas. Vamos virar voto. Estive em Fortaleza hoje de manhã e foi lindo, mais de 30 mil, 40 mil pessoas”, contou Boulos, referindo-se ao comício em Fortaleza, que esteve junto com o candidato Fernando Haddad.

Um dos fundadores da Democracia Corintiana, Carlos Alberto Nascimento Junior, também marcou presença no ato deste sábado e rememorou a luta em 1982 pelo direito de eleger o presidente do clube. “A gente surgiu como um dos movimentos contrários ao impeachment, então sempre fomos favoráveis à democracia. Nosso nome vem do movimento criado pelo Sócrates em 1982. Ele queria a igualdade, desde o lixeiro até o presidente do Clube tem que ser iguais. Desde o começo o Corinthians é um time de viés popular, viemos da raiz do futebol”.

Vindo de Maringá, o estudante de Publicidade, Leo Utida acredita que o mais importante é “lutar contra um candidato que além de não ter propostas, demonstra tanto discurso de ódio”.

A budista Dora Lima, integrante da Associação Budista Nichiren Daishonin, está preocupada com o desfecho eleitoral e por isso foi ao ato. “Nós budistas calamos por muito tempo. O objetivo do budismo é paz, cultura e educação. Nesse momento tudo isso está em jogo”.

O ato em São Paulo encerrou na Praça da Sé, cerca das 21h ainda com centenas de manifestantes participando.

Como nos atos do dia 29 de setembro, neste sábado foram realizadas manifestações em diversos países como Argentina, França, Inglaterra, Portugal, Noruega e Suíça, entre outros.