Agências de inteligência estrangeiras manipulam eleição, diz sociólogo

O clima de caos em que o Brasil está inserido nestas eleições presidenciais de 2018 não é à toa. Segundo o especialista em relações internacionais, Marcelo Zero, este cenário é fruto de intervenção direta de agências de inteligência estrangeiras, principalmente a norte-americana CIA.

Urna eletrônica - Divulgação

O modus operandi exibido nesta reta final é idêntico ao utilizado em outros países e demanda recursos técnicos e financeiros em um grau de sofisticação manipulativa dos quais a campanha do candidato da extrema direita Jair Bolsonaro não parece dispor, denunciou o sociólogo.

“A CIA e outras agências estão aqui, atuando de forma extensa", garante o especialista. Segundo ele, isso demanda uma investigação séria que aparentemente não ocorrerá, salvo que alguém da esquerda difunda alguma informação duvidosa.

Em um comentário publicado no diário digital Brasil 247, Zero assinalou ademais que o crescimento do "fascismo bolsonarista" na reta final da campanha, impulsionado entre outros fatores por uma avalanche de fake news (notícias falsas) disseminadas pela internet, não chega a surpreender.

Trata-se, explicou, de uma tática já antiga desenvolvida pelas agências americanas e britânicas de inteligência, com o propósito de manipular a opinião pública e influir em processos políticos e eleições.

Nesse sentido aludiu aos milhares de ataques lançados nos últimos dias através das redes sociais contra os candidatos a presidente e vice-presidente da República pela coalizão O povo feliz de novo, Fernando Haddad e Manuela D'Ávila, mediante a manipulação de fotos, vídeos e a difusão de declarações absolutamente falsas.

“Por isso, nos parece óbvio que há um dedo, ou mãos inteiras, de agências de inteligência estrangeiras, principalmente norte-americanas, na disputa eleitoral do Brasil”, alertou.

O sociólogo enfatizou assim mesmo que um eventual triunfo do candidato de extrema-direita Bolsonaro agravaria a crise político-institucional e econômica pela qual atravessa o Brasil e isso resultaria de muita utilidade aos interesses daqueles que pretendem apoderar dos recursos estratégicos do país – como o pré-sal – e das empresas brasileiras.

Levado ao limite, o golpe poderá ser aprofundado por uma "solução de força" apoiada pelo Poder Judicial e pelos militares, o qual abriria as portas a retrocessos ainda maiores que os conseguidos pelo atual governo de Michel Temer.

Ademais, desde o ponto de vista geoestratégico, o novo alinhamento automático de Bolsonaro ao presidente Donald Trump seria de grande interesse para os Estados Unidos na região, que teria no Brasil a uma ponta de lança não só contra a Venezuela, mas também contra China e Rússia, afinal, o país é um dos atores fundamentais do BRICS.